E então, quem é o maior?
No Brasil inteiro, estamos nesta campanha eleitoral, em que cada um se apresenta como sendo melhor que o outro, e, especialmente nas eleições proporcionais, com tantos candidatos em cada cidade, em cada estado, há uma verdadeira luta eleitoral. E a pergunta é sempre a mesma do evangelho deste domingo: “Quem é o melhor?”
Aliás, este tema já estava muito presente no Antigo Testamento e por incrível que isto possa parecer, no Livro da Sabedoria. É a primeira leitura do próximo domingo.
Ali aparece o tentador sob a palavra “Os ímpios”. “Ímpio” em si é todo aquele que não é pio, ou não é piedoso. Mas, pelo contexto se compreende que, pela expressão, “os ímpios”, se apresentam claramente tentadores, pois eles dizem: “Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda; ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e ele nos reprova as faltas contra a disciplina… vamos pô-lo à prova… vamos condená-lo a uma morte vergonhosa porque virá alguém em seu socorro” (Sab. 2,20).
No contexto se percebe tratar-se da cena em que o próprio Messias, o Filho de Deus, seria mais tarde tentado pelo demônio. Ora, se até o Filho de Deus é tentado, não podemos estranhar que os apóstolos tivessem passado pelo vexame de uma discussão em torno de um dos temas prediletos dos políticos de nosso tempo: ver quem é o maior?
A Carta de São Tiago responde a todas as nossas indagações sobre este tema tão atual: “Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más” (Tg 3,16). Um pouco mais adiante, o mesmo apóstolo diz claramente: “O fruto da justiça é semeado na paz para aqueles que promovem a paz” (Tg 3,18).
Estamos no mês da Bíblia. É o livro por excelência. Lá encontramos as palavras inspiradas por Deus e que nos ajudam a interpretar as mais diversificadas circunstâncias em que nós vivemos.
Vale aqui o grande conselho do Mestre: “Se alguém quer ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos” (Mc 9,35). Do primeiro ao último, a nossa fundamental vocação é servir. Quem não vive para servir não serve para viver!
Dom Zeno Hastenteufel – Bispo Diocesano de Novo Hamburgo