É morrendo que se vive
Ao celebrarmos a Páscoa, que é a passagem da cruz para ressurreição, da morte para vida, somos chamados a também percorrermos o caminho pascal, morrendo para nossa falta de fé, nosso comodismo, nosso orgulho, nosso egoísmo, nossa indiferença. É somente assim que nós vamos poder celebrar a verdadeira Páscoa, isto é, participar da ressurreição de Jesus Cristo.
Ressuscitar é romper o próprio túmulo. Romper as estruturas de morte presentes em nós ou em nosso meio. Estamos cobertos de pedras e com o nosso coração rodeado de muros. Com o Cristo Ressuscitado somos chamados a afastar as pedras e derrubar os muros.
De fato há pessoas encerradas nos próprios túmulos. Pessoas fechadas em si mesmas, em seus interesses, construindo à sua volta muros bem altos, num universo de egoísmo e exclusão. Soterrados ou empoeirados, sufocados ou sem brilho, seus corações se fazem menores, corações medíocres que se conformam com o túmulo.
Páscoa é sair do próprio túmulo. Remover as pedras que foram soterrando a vida que vive em nós, nos deixando iluminar pela luz do Ressuscitado. Páscoa é tempo de renovar nossa esperança e este ano temos uma motivação toda especial, estamos vivendo o Ano Santo da esperança. Portanto, somos convidados a olhar com confiança para frente e superando nossos medos começar uma vida nova, na certeza de que, nas mãos de Deus, a morte transforma-se em vida, porque a vida não é tirada, mas transformada.
A Páscoa só é celebrada quando o túmulo fica no passado, esquecido e abandonado. Quando o túmulo fica em nossa história como o casulo fica na história de uma borboleta, uma fase, um tempo duro e difícil que passou, que foi vencido e superado. Nesse sentido o apóstolo Paulo nos ensina: “Uma coisa eu faço: esqueço-me do que fica para trás e avanço para o que está na frente. Lanço-me em direção à meta, em vista do prêmio do alto, que Deus nos chama a receber em Jesus Cristo.” (Fil 3,13-14).
Nós não fomos criados para viver nas trevas. Elas até tentaram e continuam tentando entrar na nossa vida, mas não têm lugar, porque elas foram dissipadas e a morte foi vencida, “morte, onde está a sua vitória?” (1 Cor 15,55). Cristo ressuscitou por isso todos somos chamados a não perder a esperança. Não existem mais trevas, a Luz do mundo reina em nossos corações, ela reina para sempre, pois onde Jesus está não há trevas. Vamos proclamar em nossas vidas: “o túmulo está vazio”. Como os anjos sejamos mensageiros, anunciando que aquele que foi colocado no túmulo por Nicodemos e José de Arimatéia, não está mais lá. Ele ressuscitou e está vivo e presente no meio de nós.
Pe. Jair da Silva – Diocese de Bagé