“E sua misericórdia perdura de geração em geração…” (Lc 1, 50)

Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese e, especialmente, a todos os nossos Vovôs e Vovós, por ocasião da comemoração do 3º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, instituído pelo Papa Francisco. Neste domingo, é-nos apresentado o Evangelho que relata a missão de Jesus a serviço do Reino dos Céus. Trazemos, outrossim, para a reflexão de todos, as palavras do Papa para este dia especial dos Avós e dos Idosos.

Prezados irmãos e irmãs. O Evangelho deste domingo (Mt 13, 24-43) apresenta três parábolas, a saber: a primeira sobre o Reino dos Céus, semelhante “a um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi embora”; a segunda parábola, revela que “O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo”; e a terceira parábola quer revelar que “O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”.

A parábola do joio no meio do trigo mostra que a sociedade é um campo de semeaduras diferentes. O semeador que semeou a boa semente é o discípulo de Jesus que pratica a justiça, a solidariedade. Contudo, no meio do terreno cresce também o joio, isto é, a injustiça, a falsidade, a corrupção.

A parábola do grão de mostarda demonstra que a menor das sementes semeada no campo tornou-se a maior das plantas. Isso nos faz compreender que a proposta de Jesus foi, inicialmente, semeada a um pequeno grupo, os Doze Apóstolos. Esta proposta, como a semente que tem vida em si mesma, cresce e se torna grande à medida que é acolhida por todos.

A parábola do fermento faz ver que um pouco de fermento faz crescer três porções de farinha. Para Jesus,  é assim que acontece com a Palavra de Deus e a proposta do Reino: transforma a vida de todos aqueles que a acolhem fazendo crescer uma vida repleta de esperança e realizações.

Assim sendo, o Evangelho, com tais parábolas, afirma também que o Reino já está presente em nosso meio e, por isso, é preciso ter confiança e lutar por ele. A proposta de Jesus faz germinar, crescer e fermentar as relações humanas e sociais, gerando vida nova e transformando o mundo, conforme o desejo de Deus.

Caríssimos irmãos e irmãs. Aproveito agora para trazer presente as palavras do Papa Francisco, em sua Mensagem para este III Dia Mundial dos avós e dos idosos. Assim escreve o Papa: “De geração em geração, a sua misericórdia» (cf. Lc 1, 50). O tema leva-nos a um encontro abençoado: o encontro entre Maria, jovem, e sua parente Isabel, idosa (cf. Lc 1, 39-56). Esta, cheia de Espírito Santo, dirige à Mãe de Deus palavras que, dois milênios depois, cadenciam a nossa oração diária: «Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre» (1, 42). E o Espírito Santo, que já tinha descido sobre Maria, sugere-Lhe como resposta o Magnificat, onde proclama que a misericórdia do Senhor se estende de geração em geração. O Espírito Santo abençoa e acompanha todo o encontro fecundo entre gerações diversas, entre avós e netos, entre jovens e idosos. De fato, Deus quer que os jovens, como fez Maria com Isabel, alegrem os corações dos anciãos e extraiam sabedoria das suas experiências. Mas o primeiro desejo do Senhor é que não deixemos sozinhos os idosos, que não os abandonemos à margem da vida, como hoje, infelizmente, acontece com demasiada frequência”.

E continua o Papa Francisco:“No encontro entre Maria e Isabel, entre jovens e idosos, Deus dá-nos o seu futuro. Na realidade, o caminho de Maria e o acolhimento de Isabel abrem as portas à manifestação da salvação: através do seu abraço, a misericórdia irrompe, com alegre mansidão, na história humana. Por isso, quero convidar cada um a pensar naquele encontro; mais ainda, a fechar os olhos e imaginar, como numa foto instantânea, aquele abraço entre a jovem Mãe de Deus e a mãe idosa de São João Batista; representá-lo na mente e visualizá-lo no coração, para fixá-lo na alma como um luminoso ícone interior (…) E convido depois a passar da imaginação à vida concreta, fazendo algo para abraçar os avós e os idosos. Não os deixemos sozinhos; é preciosa a sua presença nas famílias e nas comunidades: dá-nos a noção de partilhar a mesma herança e de fazer parte dum povo em que se preservam as raízes. Sim! São os idosos que nos transmitem a pertença ao santo Povo de Deus. A Igreja e de igual modo a sociedade precisam deles. É que os idosos entregam ao presente um passado necessário para construir o futuro. Honremo-los, não nos privemos da sua companhia nem os privemos da nossa. Não permitamos que sejam descartados”.

Ao concluir, o Papa Francisco expressa:“Queridos avós, queridos irmãos e irmãs idosos, chegue até vós a bênção do abraço entre Maria e Isabel, e encha de paz os vossos corações. Com afeto, vos abençoo. E vós, por favor, rezai por mim”.

A todos, em especial, os avós, idosos e idosas, minha oração e meu abraço fraterno, com votos de um bom domingo.

Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim