Entrevista Especial: Maria Isabel Tromm partilha sobre a missão em Moçambique

O Mês Missionário nos motiva a refletir e celebrar que A vida é missão. Neste tempo, voltamos especialmente nosso olhar à missão permanente, em nossas comunidades e paróquias, convidados a assumir e a revigorar nossa vocação cristã de discípulos missionários,
sendo Igreja sinodal em estado permanente de missão até os confins do mundo.

Entre os 19 regionais da CNBB, três deles possuem projetos de Missão além fronteiras, entre eles o Rio Grande do Sul. Há 28 anos, a Igreja do RS mantém o projeto Igrejas Solidárias, em parceria com a Arquidiocese de Nampula, no norte de Moçambique. Durante este tempo, o Sul 3 enviou 65 missionários e missionárias à missão: leigas, leigos, padres, religiosos e religiosas.

No Brasil desde o fim de setembro, Maria Isabel Tromm é natural de Joinville (SC) e em 2019, aos 24 anos, chegou em Moçambique para integrar a equipe missionária por 3 anos, concluídos agora, em 2022. No tempo em que esteve em Moma, Isabel vivenciou a pandemia do Covid 19, fortalecida pela oração e pela sintonia com a sua família e amigos no Brasil.

Na entrevista a seguir, a leiga partilha algumas marcas da missão e lembra o quanto se transformou neste tempo.

Você ainda consegue lembrar o que te motivou à Missão em Moçambique há mais de 3 anos?

Desde pequena a motivação veio pela Infância Missionária. Sempre ouvi falar da África e dos testemunhos dos missionários que viviam em missões além fronteiras e, depois das vivências das missões nacionais da Juventude Missionária, que são realizadas em janeiro, eu percebi que queria deixar tudo para ir à missão com maior entrega.

Quem era a Maria Isabel em 2019 e quem é a Maria Isabel agora?

É muito diferente quando você ouve falar e quando você vive a missão. Eu gosto muito daquela frase: onde os pés pisam, a cabeça pensa e o coração sente. A vivência em Moçambique confirmou o meu entusiasmo pela missão e com certeza mudou muitos conceitos em mim. Eu me abri para outra cultura, para escutar o povo e a aprendizagem foi imensurável.

Um dos desafios do seu tempo na missão em Moma foi a pandemia do Covid 19. Como foi viver este tempo em Moçambique?

A Pandemia não foi forte como aqui no Brasil. No início ficamos bem assustados pelas notícias que acompanhávamos. Mas logo o presidente tomou as medidas e ficou muito bem controlado. A dificuldade, pela carência de internet e telefones digitais por parte dos cristãos de lá nos impossibilitava de fazer alguma celebração ou formação online. Quando comunicávamos era através de SMS ou ligação mesmo. Mas, por ter que ficar na vila de Moma, sem poder ir às comunidades, a Pandemia nos aproximou muito das pessoas, dos vizinhos e pudemos perceber de perto como é o dia a dia do povo.

Sabemos que a sua família foi e é muito presente na sua vocação e na missão. O que esta presença significa para um missionário adgentes?

A minha família é minha base cristã. Sempre fomos participantes da vida da comunidade. Lembro que recebi a orientação para não preocupar muito a família nos momentos difíceis ou de doença, pois eles estariam longe e não “poderiam fazer nada”, mas percebi o quanto
a oração de mãe, ou uma mensagem do pai dizendo que vai ficar tudo bem faz diferença. A minha irmã, assessora da Adolescência Missionária sempre cuidou da parte da comunicação da missão, e me motivava também a partilhar aquilo que estava vivendo na missão com as pessoas daqui.

Em mais de 3 anos, são muitas experiências marcantes. Há alguma que possas nos relatar?

Muito forte para mim foi quando fizemos uma formação de catequistas e vi uma mulher com uma criança muito pequena. Então perguntei quantos dias tinha a criança. A catequista respondeu que tinha nascido na semana passada. Ela havia ido de bicicleta para a formação, percorreu uma distância de aproximadamente 20km, levou a sua bebê, mas não deixou de participar.

Daqui 10 anos, em 2032, o que achas que estará ainda em ti da Missão em Moma?

A simplicidade das pessoas. Viver com o necessário e preocupar-se mais com a vida em si do que qualquer coisa material.

Como a vida segue em frente agora? Como viver sua vocação missionária no Brasil?

A missão fortaleceu minha vocação leiga. Há muitas pessoas que ficam impressionadas quando “descobrem” que a Igreja Católica tem uma missão que envia leigos. Agradeço muito o Regional Sul 3 que me acolheu nesse projeto. Agora é partilhar aquilo que vivemos, sem esquecer de me adaptar de novo ao contexto do Brasil.

A todos aqueles e aquelas motivados à Missão ad Gentes, o que consideras mais fundamental?

Coragem! A missão é muito grande e tem espaço para todos. Os desafios que aparecem no caminho são muito pequenos se comparados à necessidade de evangelizar.

CNBB Sul 3