Epifania – Manifestação de Deus

Dom Remídio José Bohn – Bispo Cachoeira do Sul 

dom-remidioNatal e Epifania celebram aspectos diferentes do mesmo mistério. Enquanto no Natal celebramos a Encarnação do Senhor e seu nascimento no meio do seu povo, a Epifania celebra a manifestação do Salvador em todos os povos nações e culturas, e também destaca a caminhada dos magos guiados pela Estrela.

Epifania é a manifestação da divindade de Cristo a todos os povos.  Os magos não são mágicos, como por muito tempo se divulgou, mas são sábios, estudiosos, pertencentes a outros povos e nações estrangeiras. Neste trio estão simbolizadas todas as nações, todas as “gentes”. É a síntese do mundo, mostrando que Jesus veio para que “todos tenham vida e vida em abundancia” (João 10,10).

Os presentes trazidos para o Menino Jesus nos oferecem uma indicação da globalidade da missão de Jesus. Ouro (realeza) incenso (divindade) e mirra (paixão): síntese do reinado de Jesus, isto é, Rei, Deus e Homem. Nos três presentes está um resumo da vida de Cristo.

Os Magos vão ao encontro de Jesus e se deixam guiar pela sua mensagem de paz e de amor. A Estrela indica um caminho alternativo, um caminho que não passa pelo conhecimento dos grandes, dos Herodes da vida, mas pelo discernimento dos pequenos e fracos, o caminho quem nos leva ao Menino de Belém.

Eles têm um encontro pessoal com Jesus: “vieram por um caminho, porém voltaram por outro para não reencontrarem Herodes”. Este queria a morte, a destruição do Salvador; os magos, contudo, optaram pela vida e retornaram à sua terra por outro trajeto.

Os poderosos, como Herodes, absolutizam seu poder e não querem dar chances aos pequenos, nem sequer de viver. Preferem sangrar o povo pela indústria do armamento, da corrupção, da fome… Contemplamos o paradoxo da grandeza divina e da fragilidade da criança no menino Jesus. Pensamos nos milhões de crianças abandonadas nas ruas de nossas cidades, destinadas à droga, à prostituição. Outros milhões mortas pela fome, pela doença, pela guerra, pelo aborto.  Quase a metade das crianças que morrem com menos de 5 anos é por desnutrição.

O Pobre e indefeso Jesus é o “não poder”. Ele não se defende, não tem medo. Ao redor dele se unem os que vêm de longe, simbolizados pelos magos.

O menino nascido em Belém atraiu os que viviam longe de Israel geograficamente. Mas a atração exercida por Jesus envolve também os social e religiosamente afastados, os pobres, os leprosos, os pecadores e pecadoras … Todos aqueles que de alguma maneira estão longe da fé recebem em Jesus um convite de Deus para se aproximarem dele.

Ele continua a se manifestar a todos e de vários modos…

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