Escutar a Jesus, o Filho muito amado do Pai

 

No segundo Domingo quaresmal, o olhar da nossa fé se volta para a montanha, onde a glória divina de Jesus foi revelada a três de seus discípulos, como está escrito no Evangelho de hoje (Marcos 9,2-10) : “Este é o meu Filho amado. Escutai o que Ele diz!“.

Desde a Encarnação do Verbo de Deus, a divindade de Cristo estava velada em sua humanidade. Ele quis, na montanha sagrada, revelar brevemente o esplendor de sua glória e também nos encorajar a seguirmos firmemente o caminho de sua Paixão e Morte, assim como está escrito na 2ª Leitura deste Domingo (Romanos 8,31-34): “Deus que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele?” (Romanos 8,17). Jesus é para nós o modelo de total entrega pelo bem da humanidade.

A Transfiguração não é apenas um sinal da glorificação de Cristo na Ressurreição, mas também a expressão da nossa própria glorificação, quando seremos revestidos da glória de Deus e libertos de todo mal. Como nos ensina São Paulo, na Carta aos Romanos: “As aflições do tempo presente não têm proporção com a glória futura que nos espera” (Romanos 8,18). Esta graça nos foi dada em Cristo desde toda a eternidade, como a promessa feita a Abraão, relatada na 1ª Leitura (Gênesis 21,1-2.9.10-13.15-18): “Em ti serão abençoadas todas as nações da terra”.

Deus, em sua infinita bondade, não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós. É que nos ensina São Paulo: “Deus prova assim o seu amor para conosco: Cristo morreu por nós quando éramos ainda pecadores” (Romanos 5,8).

Ele nos convida a participar das riquezas celestes, a buscar a reconciliação, a purificação e a renovação espiritual nesta Quaresma. É um tempo favorável, um tempo de salvação, como nos diz o mesmo Apóstolo: “Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação” (2 Coríntios 6,2).

Nesta Quaresma, somos chamados à conversão e ao aumento da esperança na graça divina.

Cristo, pelo seu sacrifício na cruz, purifica nossos pecados e nos conduz à visão de sua glória. Aproveitemos este tempo, respondendo à abundante graça que o Senhor nos oferece, participando dos sacramentos, especialmente, nesta Quaresma, do Sacramento da Penitência e buscando a santidade em nossas vidas, como nos lembra São Josemaría: “Repara bem: há muitos homens e mulheres no mundo, e nem um só deles o Mestre deixa de chamar. Chama-os a uma vida cristã, a uma vida de santidade, a uma vida de eleição” (Forja, núm. 13).

No que diz respeito à Campanha da Fraternidade, o cultivo da autêntica amizade deve levar-nos a esta transfiguração na caridade.

A autêntica amizade ajuda a fazer brilhar em nós e nos demais o rosto de Cristo, que jamais desfigura através do rancor, da raiva, do ódio ou do prejudicar o irmão. A amizade é sempre um grande auxílio no processo de transfiguração: nos ajuda a crescer, nos ensina a perdoar, nos incentiva a acolher o irmão para ajudá-lo a crescer.

Cultivemos as verdadeiras amizades.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen