Espera e anúncio
Estimados irmãos e irmãs em Jesus Cristo. Somos convidados a viver o tempo do Advento como um momento especial na nossa vida de fé. Diante da pandemia do COVID19, creio ser importante deixar despertar no nosso coração a capacidade de olhar a realidade com o espírito de Natal, no qual o amor nos convida à solidariedade e à caridade. Os cristãos são chamados a dar testemunho dos sinais da ternura que Deus oferece ao mundo inteiro, sobretudo aos que estão na tribulação, vivem sozinhos e abandonados e muitas vezes sem esperança de serem amados e acolhidos.
Mesmo diante das provações, Deus não abandona seu povo, porque os projetos do Senhor são de encorajamento, de salvação, de vida e de alegria. A alegria de ter encontrado o Senhor deve estar no coração e na vida do cristão, mesmo diante das tribulações, ele não deixa de elevar a Deus a sua oração. Na nossa vida, devemos recordar e invocar a força do Senhor também em meio ao sofrimento, sem isso, a aridez espiritual passa a dominar a nossa vida e vamos perdendo a fé.
Na liturgia do tempo do Advento, o Evangelho nos traz a figura de Maria, a serva do Senhor e de João Batista, o precursor. Homem de Deus e penitente, que batizava com água, mas pedia que as pessoas se convertessem e preparassem o caminho para a chegada daquele, a quem ele mesmo não se achava digno nem de desamarrar a correia de suas sandálias. E anunciava: “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”.
No centro da pregação de João Batista estava a dignidade do homem, que é um elemento irrenunciável para todo aquele que quiser praticar a justiça de Deus. Quem não crê, ou pensa que se trata de um objetivo que não se pode alcançar, propõe uma visão triste do homem e da história; e quem propõe uma visão triste do homem e da história, simplesmente não é cristão. A tristeza é um pecado, nos lembra com freqüência o papa Francisco.
Na pregação de João Batista vemos rigor e temor. Mesmo assim, multidões o procuravam. Ele evangelizava o povo, pregando a penitência e a conversão, como meio de preparar o caminho para vinda do Messias. Sua pregação enchia de esperança o coração do povo, que vivia humilhado por ter perdido a confiança em si mesmo e a esperança nas promessas que Deus tinha feito aos seus antepassados.Ele não excluía ninguém e lembrava a todos os que iam escutá-lo, que a justiça de Deus é salvação. O Pai envia seu Filho ao mundo para nos ensinar que, através do amor, da compaixão, da caridade e da misericórdia, os homens podem perceber que a vida é dom de Deus e precisa ser vivida com a dignidade dos filhos e filhas do nosso Deus e Pai, que enviou o seu filho Jesus ao mundo para redimir com amor a humanidade.
Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB