Estudantes e professores de teologia se reúnem em Porto Alegre
“O fazer teológico: Igrejas em reforma na modernidade” é o tema do Congresso Estadual de Teologia do Rio Grande do Sul, que está acontecendo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), de 29 de maio a 01 de junho, em Porto Alegre, com o objetivo de gerar diálogo entre as diversas confissões religiosas para superar as divisões históricas e juntos buscar o bem comum.
Cerca de 200 estudantes e professores participam do evento e são oriundos dos cursos de Teologia da Universidade La Salle, de Canoas, da Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana, de Porto Alegre, da Faculdade Palotina, de Santa Maria, do Instituto Missioneiro de Teologia, de Santo Ângelo, Instituto Paulo VI, de Pelotas, do Instituto de Teologia de Passo Fundo, de Passo Fundo, e da Teologia da PUCRS.
Mesa de abertura
A abertura do congresso ocorreu na noite de segunda-feira, 29, no Prédio 40, com a presença do arcebispo metropolitano de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, o Decano da Escola de Humanidades da PUCRS, Dr. Draiton de Souza, e o Coordenador do curso de Teologia, Pe. Carlos Steffen.
Na cultura individualista presente na sociedade atual a religião pode ter um papel importante como fator agregador na busca do bem comum, da paz e da mútua solidariedade. As divisões geradas pelas diversas confissões religiosas sejam superadas a partir do diálogo entre suas lideranças, autoridades eclesiais e estudantes de teologia.
Tempos de Reformas
O Evangelho de Jesus Cristo comunicado com coragem e alegria pelos seus discípulos é sinal de construção do Reino de Deus para o povo peregrino neste mundo. “A Igreja precisa de reformas por ser uma realidade em movimento, uma realidade missionária. A reforma não é um fim em si mesma, mas faz parte de um processo de conversão”, enfatizou padre Steffen.
Lembrando as orientações do Papa Francisco para reforma da Cúria Romana, padre Carlos Steffen, explicou que a fé em Jesus Cristo é o vínculo e elo de comunhão para as Igrejas. Também destacou que a fé e a ciência, cada uma tem seu método e objeto próprio, mas ambas investigam e buscam encontrar a verdade.
Modernidade
O Decano da Escola de Humanidades Dr. Draiton de Souza destacou a visão na Idade Média que compreendida a Filosofia com serva da Teologia. Mas, segundo o filósofo da modernidade, Kant, “que a serva vá a frente com uma tocha de luz para iluminar as situações”, explicou.
A modernidade marca a passagem de um esquema teológico para um esquema antropológico. Nessa passagem aconteceu a Reforma Protestante com Lutero. “Muitos pensadores, entre eles, Hegel, fruto da reforma, enfatiza o paradigma moderno da subjetividade. A reforma da ênfase ao elemento da subjetividade, do indivíduo. Para Hegel esse é o conteúdo da reforma. O ser humano é determinado por si mesmo a ser livre”, frisou Draiton.
Diálogo e silêncio
Diante da pluralidade cultural gaúcha, dom Jaime acredita que a Teologia tem uma grande responsabilidade e contribuição na construção de pontes através do diálogo na realidade eclesial e social.
Segundo dom Jaime, o silêncio é modo de ser que necessita estar livre dos desejos de dominar, da vontade razão, da precipitação em ter vez, da convicção de superioridade, o saber de antemão e preconceitos. Para não haver interferência do próprio eu e de uma subjetividade desfocada quando ressoar no meu ouvido a diferença do outro. Não se ouve só as palavras, mas entonação de voz que pode estar dizendo algo bem diferente do que dizem as palavras e perceber o sentido oculto que o outro não consegue dizer.
“A teologia só é sã quando é uma fé viva, engajada, inserida. A teologia cristã só é sã se o Evangelho é perceptível ao coração. Depois, entendido e elaborado pelo intelecto”, lembrou Spengler.
Palestra de abertura
A palestra de abertura do congresso foi proferida por Luiz Carlos Susin, frei capuchino, doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Atualmente, é professor na PUCRS e na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (Estef), em Porto Alegre, com o tema: “O fazer teológico na modernidade” (Baixe aqui a palestra de abertura).
Programação do congresso
Terça-feira, 30, Conferência 1 (parte 1): “Releituras do Cisma do Século XI e da Reforma do Século XVI, com Vitor Galdino Feller. Conferência (parte 2): “Resgate Histórico (XVII até hoje), com Ricardo Rieth e Márcia Blasi.
Quarta-feira, 31, Conferência 2: “Resgate da Teologia na América Latina nos últimos anos”, com Walter Altmann. Conferência 3: “As diversas correntes teológicas na pós-modernidade”, com Ari Antônio dos Reis e Kathlen de Oliveira.
Quinta-feira, 1° de junho, encerramento (parte 1): apresentação da “resposta da pergunta” pelos mediadores Fábio Junges, Kthlen de Oliveira e Vitor Feller. Parte 2: cerimônia de encerramento e avaliação. Na parte da manhã acontecem as conferências e, à tarde, oficinas, apresentação de trabalhos, debates.
Para mais informações: http://www.pucrs.br/eventos/inst/congressoteologia/
Texto: Judinei Vanzeto, Assessor de Imprensa – Regional Sul 3 da CNBB
Fotos: Marco Aurélio Gette