Evangelização das cidades
As cidades de nossos dias são diferentes das de outras épocas históricas. Aconteceram mudanças tanto nas estruturas físicas quanto nas relações e mentalidades. Independente de suas histórias ou localização, elas são diferentes entre si. São marcadas pelas lógicas do consumo e da individualização. Quanto maiores forem as cidades, tanto menor parece ser a influência das instituições e da tradição sobre os indivíduos.
Sempre mais as cidades se caracterizam por serem ambientes nos quais as pessoas são convidadas a escolher e optar pelas questões tanto imediatas quanto pelas situações vitais e religiosas mais profundas. O pluralismo é imenso e exige escolhas sábias.
Queremos olhar as cidades com olhar de Deus. No livro do Apocalipse encontramos: “Esta é a morada de Deus com os homens, e ele morará junto deles” (Ap 21,3). A cidade, portanto, como lugar de convivência e de relações, é também lugar da presença de Deus. É um espaço aberto para a convivência do Evangelho.
Jesus, com as palavras: “Ide e fazei que todas as nações se tornem discípulas…” (Mt 28,19), confiou aos seus discípulos uma missão em favor do mundo inteiro. É a missão de anunciar, servir e testemunhar o Reino de Deus. A missão eclesial dos discípulos não pode ser entendida como uma propaganda, um negócio, um projeto empresarial ou uma instituição humanitária ou uma ONG, no dizer do Papa Francisco. A missão evangelizadora é “partilha de uma alegria”, indicação de um “horizonte estupendo”, não podendo se realizar por proselitismo, mas somente “por atração” (EG, nº 14). Só assim o anúncio em palavras se torna significativo, pois responde a um anseio suscitado pelo testemunho.
Nas novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da CNBB se enfatiza que a vida em comunidade e a vivência cotidiana do amor fraterno são o fundamento do testemunho; pois, “nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,35). A vida fraterna em pequenos grupos ou comunidades abertas, acolhedoras e misericordiosas, é a base que sustenta a missão. O testemunho das obras de misericórdia e a vitalidade do amor fraterno darão credibilidade ao anúncio do Evangelho.
A cultura urbana é acolhedora da verdade e dos valores propostos por Jesus. Cabe aos batizados serem os anunciadores da Boa Nova pela palavra, pelos novos meios tecnológicos e pelo testemunho nas cidades modernas, sedentas de Deus.
+ Hélio Adelar Rubert – Arcebispo de Santa Maria