Evangelizar na comunhão
A Solenidade de São Pedro e São Paulo, que celebramos no último domingo de junho, nos coloca a vida destas duas “colunas” da Igreja Católica e o seu modo permanente de ser. Os dois representam a dinâmica de ser da Igreja, para sempre. Com isto, estamos afirmando a necessária entrega evangelizadora dos cristãos, com o modelo de São Paulo, sempre ele. E, também, a comunhão que formamos, com o testemunho de São Pedro, hoje presente no nosso Santo Padre Francisco. Missionários ardorosos e, sempre, com amor à Igreja.
A primeira face da Igreja nos é dada por São Paulo. A história do cristianismo teve muitos evangelizadores. As épocas históricas foram várias, com suas configurações diferentes. Quantos deram e ainda dão sua vida pelo anúncio do Evangelho, assumindo para si o mandato de Cristo Ressuscitado, como Paulo: “Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado a ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus […]” (Rm 1,1). A grande missão de Paulo era levar a todos a graça de Deus, seu amor infinito, gratuito, que um dia alcançou Paulo e lhe deu o perdão dos pecados, habilitando-o para que, numa atitude de fé e gratidão, agisse na caridade. O grande anúncio é o infinito amor de Deus manifestado em Jesus Cristo, o Filho, nosso Salvador, e o Espírito Santo que acompanha nosso caminhar, vivido numa comunidade eclesial.
Paulo dedica-se totalmente na obra evangelizadora. Ele “corre”, pois “eu mesmo fui alcançado por Cristo Jesus” (Fl 3,12). Na esteira dos grandes evangelizadores, o Papa Francisco nos convida, hoje, a anunciar o evangelho com alegria (EG 1). O próprio evangelho de Jesus Cristo é fonte de vida humana, de felicidade e paz à humanidade. Quem segue a Cristo, torna-se mais humano. Não precisa que tenhamos feito cursos de mestrado e doutorado para falar sobre os valores fundamentais do evangelho de Cristo e realizar a caridade. A vida é um testemunho. Mais hoje, quando não podemos dar por suposto o anúncio cristão, na veracidade do evangelho e na comunhão eclesial.
Tantos evangelizadores, como Paulo, hoje afirmam: “ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho” (1Cor 9,16). As pessoas, hoje, estão sedentas do evangelho, que projeta luz sobre nossa vida. Paulo define-se a si mesmo como um missionário, um apóstolo, “escolhido desde o seio para anunciar a Cristo entre os gentios” (Gl 1,15-16). O Evangelho, para Paulo, não é uma narração de uma teoria, mas uma pessoa, a pessoa de Jesus Cristo: “Pois não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, como o Senhor” (2Cor 4,5).
Porém, um grande desafio, neste tempo onde não existe o reconhecimento da “verdade”, mas “a minha verdade”, “eu acho”, “eu penso assim”, é reconhecer a comunhão como matéria integrante do evangelho. “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti” (Jo 17,21). Não posso ser católico e estar separado do Papa. O Papa Francisco, sucessor de Pedro, tem esta missão da unidade: “apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17). Nosso Papa tem dado uma nova “primavera” na Igreja, em continuidade com os anteriores. Sua perspectiva é a sinodalidade, escutar a todos. Nossa prece é de súplica para que todos os católicos estejam na comunhão com ele, para vivermos nossa missão no mundo.
Parabéns ao nosso Papa Francisco, pelo seu dia! Deus o conserve com saúde e tanto dinamismo evangelizador.
Dom Adelar Baruffi – Bispo Diocesano de Cruz Alta