Evangelizar: Novos tempos, novos métodos
Nos tempos atuais, marcados pelo Sínodo sobre a sinodalidade e pelo Jubileu da Esperança, somos chamados a reavivar a promessa encorajadora que o Senhor nos faz como Igreja. Herdeiros de nações dilaceradas pelas dinâmicas do mundo contemporâneo, vemos terras devastadas pela prevalência da violência sobre a paz, pelo investimento em armas em detrimento das pessoas e pela exaltação do individualismo em detrimento da fraternidade.
Neste cenário desafiador, acompanhados pela graça divina, assumimos a tarefa profética de repovoar esses terrenos áridos com a mensagem da esperança no Reino de Deus, manifestada por meio de testemunhos autênticos do discipulado do Evangelho.
A fidelidade renovada e a atenção aos apelos do Espírito Santo, que ecoam no tempo presente, levaram o Papa e os bispos a convocar toda a Igreja a redescobrir a sinodalidade. Essa prática pressupõe a disposição de caminhar juntos, articulando de forma corresponsável os dons, carismas e ministérios da comunidade. A sinodalidade se manifesta na escuta mútua, no diálogo inspirado pelo Espírito, no discernimento comunitário, na busca de consensos e na participação voltada para a missão.
O método sinodal propõe uma escuta atenta da realidade, o discernimento dos apelos de conversão pastoral e a definição de prioridades para a ação missionária. A fidelidade ao Evangelho, à Tradição da Igreja e ao Magistério é fundamental para orientar as mudanças necessárias neste contexto desafiador.
No contexto brasileiro, a Igreja enfrenta desafios significativos que demandam uma evangelização fundamentada no discipulado e na missão. Nos deparamos com a crise de pertencimento comunitário, a privatização da fé, o avanço do fundamentalismo e radicalismo nas redes sociais, o crescimento dos que se declaram sem religião, o empobrecimento crônico da população e a negligência em relação ao meio ambiente.
Diante desses desafios alguns desanimam, outros se acomodam e muitos adotam posturas superficiais. Torna-se crucial vencer a superficialidade e abraçar a proposta do Evangelho com coragem e autenticidade. Surge a pergunta: O que o Espírito Santo está comunicando à Igreja no Brasil hoje?
Reconhecemos os avanços alcançados, como a organização das comunidades, o compromisso com os pobres e o meio ambiente, a formação cristã e o trabalho dedicado de líderes religiosos e leigos que nos precederam. Mas precisamos identificar e abandonar estruturas e práticas que não refletem o Evangelho, isso é essencial para uma autêntica conversão a Cristo.
No espírito sinodal, todos os batizados são responsáveis pela Igreja, cada um conforme sua vocação específica. É crucial renovar o ânimo pastoral, superar o cansaço e a esterilidade, e buscar a fecundidade na missão evangelizadora.
Que este tempo de renovação e discernimento nos inspire a agir com ousadia, esperança e amor, para que a mensagem do Evangelho ressoe de forma autêntica e transformadora em nossa sociedade e na vida da Igreja no Brasil.
Dom José Mário Scalon Angonese – Bispo Diocesano de Uruguaiana