Exaltação da Santa Cruz
Nesta semana, temos duas festividades grandes: Exaltação da Santa Cruz, no dia 14 de setembro, e Nossa Senhora das Dores, 15 de setembro. Ambas estão ligadas, embora a primeira tenha sempre a sua precedência. Nossa Senhora das Dores ou Mater Dolorosa é um dos vários títulos que a Virgem Maria recebeu ao longo da história. Este título em particular refere-se às sete dores que Nossa Senhora sofreu ao longo de sua vida terrestre, principalmente nos momentos da Paixão de Cristo. Antes do século IV a cruz quase não chamou a atenção dos cristãos. Somente após a conversão de Constantino que, motivado por sua mãe, Santa Helena, exaltou a crucifixão, o que era anteriormente um opróbrio, tornou-se um objeto de veneração. A devoção à Cruz passou a ser motivada e orientada pelos padres da época, como se pode ver nas suas homilias. Recordemos, um texto muito especial: “estavam de pé” sua mãe, Maria e o discípulo amado. “Jesus, ao ver sua mãe, e ao lado dela, o discípulo a quem amava, disse à mulher: ‘Mulher, eis o teu filho!’ Depois disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’. A partir daquela hora, o discípulo a acolheu em sua casa” (Jo 19,26-28). Maria viveu as dores do Filho na sua cruz. E ela “estava de pé”, diante da cruz.
Ao olharmos para a morte de Jesus, na perspectiva de sua vida, vemos como ela é central. Analisamos, sobretudo como quem olha sua cruz, como que previsível, basta veremos o três sinais de sua morte na cruz. “Naquele tempo, quando Jesus e os seus discípulos estavam reunidos na Galileia, ele lhes disse: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará” (Mt 17,22). Também, convida os discípulos a viverem nesta perspectiva a sua vida, o seu doar-se até o fim. Para São Paulo, a morte de Jesus na cruz foi o fato por excelência da história. Ele foi obediente até a morte, e morte de cruz. “Pregamos Cristo crucificado. Para alguns é escândalo, para outros é loucura; mas, para nós, Cristo crucificado é o poder de Deus” (cf. 1Cor 1,23-24).
O poder da cruz de Cristo está na sua morte, no seu morrer por nós. Este é um projeto de grande misericórdia de Deus para conosco. É importantíssimo que na cruz esteja também o crucificado. Não é somente a cruz, mas ele, sua vida, seu sim, sua doação, que se deu por cada um de nós. Sabemos que, na sua cruz, nossos pecados foram redimidos. Como? Difícil de explicar! A cruz de Jesus é um sinal de esperança e de vida plena. A cruz, com seus dois madeiros, ensina-nos quem somos e qual é a nossa dignidade, o nosso valor. Ela é o símbolo da nossa reconciliação com Deus, conosco mesmos e com o nosso próximo. Nos mostra as sombras do mal ainda existentes, pois um morreu por nós, mas toda a humanidade continua ainda viva e carrega consigo os defeitos que a todos atinge. “Ele foi trespassado por causa das nossas transgressões, esmagado em virtude de nossas iniquidades. O castigo que havia de trazer-nos a paz caiu sobre Ele, sim, por Suas feridas fomos curados” (Is 53,5). Sua cruz e ressurreição estão no mesmo caminho, por isso o trazemos como o Crucificado-Ressuscitado.
Em nossas casas, sobretudo agora, neste tempo de vivência de uma realidade pós-moderna, somos convidados a ter um espaço com a cruz de Cristo. Ela não pode faltar em nossa casa. Os pais e os filhos, diante da cruz de Cristo, são levados àquele amor que Deus teve por nós. Imenso amor, que soube dar sua vida por cada um de nós. No tempo das orações, colocar-se intimamente diante dele e, assim, agradecer e pedir que não nos falte nunca o amor a Deus e o amor aos irmãos.
Dom Adelar Baruffi – Bispo Diocesano de Cruz Alta