Festa de Navegantes: 145 anos de fé
No dia 2 de fevereiro, a cidade de Porto Alegre se encontra para celebrar a festa de Nossa Senhora dos Navegantes. Devoção e admiração marcam a caminhada de muitos sob sol forte e asfalto quente. Há aqueles que realizam o trajeto descalços!
A devoção do povo “nasce da fé, que reconhece a grandeza de Maria de Nazaré e incita a amá-la filialmente e a imitar as suas virtudes”. Trata-se de uma rica tradição inaugurada há quase um século e meio, e que continua iluminando e sustentando a caminhada de fé “de mulheres e homens de boa vontade”.
O reconhecimento público da dignidade e santidade de Maria, generosa cooperadora e serva humilde do Senhor, é expressão de fé e confiança. Esta dignidade e santidade foram vividas na discrição de uma vida corriqueira, primeiro numa pequena cidade da Galiléia, Nazaré; depois acompanhando o seu filho Jesus ao longo de seu itinerário.
O povo a vê como mulher simples e forte, humilde e de fé, discreta e atenta. Por isso, a ela se dirige, invocando-a como “advogada, auxiliadora, socorro e medianeira”!
No dia 2 de fevereiro, festa da Senhora dos Navegantes, nosso povo devoto ou admirador e curioso, engajado na vida da Igreja ou mesmo pertencendo a outras expressões religiosas, vindo de longe e de perto, sob sol ou chuva, de forma simples e reverente se põe em marcha acompanhando a imagem da Senhora dos Navegantes até o seu Santuário.
Distintos credos e expressões religiosas participam desse momento singular, expressando reverência e confiança no poder da mulher invocada como Senhora dos Navegantes.
Somos todos navegantes nos mares da vida. Sob o olhar da Senhora dos Navegantes encontramos a necessária segurança para suportar as tempestades da vida.
A Igreja no Brasil, neste ano de 2020, por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, nos convida a refletir e rezar o tema “Fraternidade e vida”. Esse tema emerge como um clamor de tantas pessoas que sofrem de inúmeras formas e da criação que se vê espoliada.
A Senhora dos Navegantes ensina que não se pode separar a vida de fé do serviço solidário às pessoas, à sociedade e à Casa Comum.
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).