Grupo se reúne para preparar o 23° Grito dos Excluídos no RS
Aconteceu na manhã desta quinta-feira (03), no CAMP, em Porto Alegre, a segunda reunião em preparação ao 23° Grito dos/as Excluídos/as, com o tema: “Vida em Primeiro Lugar” e o lema: “Por direito e democracia, a luta é todo dia”, que ocorrerá no dia 7 de setembro de 2017, em diversas cidades do Rio Grande do Sul e do Brasil.
A proposta do Grito surgiu no Brasil no ano de 1994 e o 1º Grito dos Excluídos foi realizado em setembro de 1995, com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano, que tinha como lema “Eras tu, Senhor”, e responder aos desafios levantados na 2ª Semana Social Brasileira, cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas”.
O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular carregada de simbolismo e com um espaço de animação e profecia, aberto e plural de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos.
Segundo Egídio Fiorotti, representante das Comunidades Eclesiais de Base do Regional Sul 3 da CNBB, o Grito dos Excluídos é uma mobilização que busca denunciar o modelo político e econômico que concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social. Também uma maneira de tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria, da fome e de moradores de rua. Além disso, se busca apontar caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os cidadãos.
Em Porto Alegre
O lançamento do 23° Grito dos Excluídos está previsto para o dia 23 de agosto, no Viaduto Borges de Medeiros, onde muitos moradores de rua moram. “Nos últimos cinco meses tem tido um crescimento de 70% de moradores de rua na capital gaúcha, inclusive com muitas mortes devido ao frio”, lembrou Fiorotti.
Diante desses gritos que vem dos moradores de rua e daqueles que estão nas ocupações urbanas. “O Grito dos Excluídos tem que ser um grito dos excluídos contando com o apoio e solidariedade das entidades que são solidárias aos excluídos”, afirmou Egídio Fiorotti.
A palavra motivadora dos organizadores desta edição é “Não esqueceremos”. Não esquecer tudo aqui que está acontecendo nesta con juntura nacional, sobretudo, o desmonte de direitos dos trabalhadores e aposentados e tudo aquilo que está sendo feito contrário à vida em plenitude para todos. “Nenhum direito a menos, como diz o Papa Francisco. Temos que defender a vida acima de tudo e não o deus mercado ser centro da vida”, frisou Fiorotti.
Depoimento
A reunião foi muito emocionante para a senhora Maria Elizete Rodrigues porque há três meses atrás ela perdeu o filho, que por dois anos foi morador de rua. “Eles me propuseram fazer a abertura da caminhada com meu depoimento. Meu filho adoeceu na rua. Com muito custo levei ele para o hospital, mas não teve jeito. Foi difícil de levar para o hospital porque ninguém queria me ajudar. Mas depois tive ajuda da Ação Rua que conduziu meu filho até o Hospital Vila Nova, onde ele morreu”, contou.
“Quando vejo pessoas morando na rua tenho vontade de ajudar como ajudava meu filho. Quando levava as coisas para ele, enchia de gente perto de mim e as vezes fica constrangida porque não tinha comida para dar para todos. Mas vazia o impossível para comprar algo para ajudar. Não conseguia resolver os problemas deles, mas amenizava. Penso que a ajuda do governo seria bem-vinda”, concluiu Rodrigues.
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Por Judinei Vanzeto
Assessoria de Imprensa
Regional Sul 3 da CNBB