Igreja investigará suposto milagre para a Canonização de Madre Bárbara Maix

Diocese de Caxias do Sul investigará suposto milagre da cura de mulher que teve o corpo queimado

Quase nove anos depois de ser beatificada, Madre Bárbara Maix caminha para ser reconhecida como santa.  O processo requer que aconteça um novo milagre, ocorrido após beatificação. E é esse o fato que será investigado pela Igreja: um presumido milagre, ocorrido em Caxias do Sul.

Esta nova etapa iniciará na segunda-feira, 14 de outubro, quando, na Cúria da Diocese de Caxias do Sul, Dom José Gislon, presidirá a sessão de abertura do processo sobre a suposta cura. Para esta ocasião, o prelado constituiu um tribunal eclesiástico, composto por um juiz, um promotor, um notário e um médico perito que acompanhará o depoimento das testemunhas.

Segundo a Irmã Gentila Richetti, postuladora da causa de canonização, por conta dessa fase do processo, o “milagre” ainda não pode ser detalhado, porém, pode-se informar apenas que o fato aconteceu em 2018, e que se trata da “cura” de uma mulher de 62 anos, que sofreu queimaduras de 2º e 3º grau, enquanto trabalhava na produção de sabão. Amigos e familiares rezaram pedindo a intercessão de Madre Bárbara. Surpreendentemente, em 13 dias após a internação, a senhora recebeu alta médica por estar completamente curada.

De acordo com a postuladora, o tribunal investigará a fundo o ocorrido: “Cabe a eles ouvirem as testemunhas. A primeira a ser ouvida será a mulher que foi curada. Depois os familiares, o médico que deu o parecer, a enfermeira, uma fisioterapeuta, o pároco e algumas pessoas da comunidade que acompanharam todo o caso”.

O suposto milagre ocorreu no distrito de Santa Lúcia do Piaí, em Caxias do Sul, na mesma localidade, onde em julho de 1944, aconteceu a cura prodigiosa do menino Onorino Ecker, por intercessão de Bárbara Maix. Com quatro anos, Onorino teve o corpo completamente queimado após ter derramado sobre seu corpo água fervente, cair nas brasas e respirar aquele vapor. O menino foi curado após 15 dias. Este foi o milagre aprovado pelo Vaticano para a beatificação da religiosa.

A Irmã Gentila disse, ainda, que não há prazo para que a fase diocesana seja concluída. O processo será enviado para a Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano, onde será novamente analisado pelos peritos da Sé Apostólica. Se o milagre for novamente reconhecido, o Papa Francisco poderá proclamar Madre Bárbara como santa.

“Os santos são propostos como exemplo para a nossa vida, porque seguiram Jesus, que passou fazendo o bem. São santos porque fizeram o bem nas pequenas coisas, no dia-a-dia. A Igreja canoniza para que, conhecendo sua vida, vejamos que é possível viver o Evangelho”, disse Irmã Gentila.

PRIMEIRA MULHER BEATIFICADA NO RIO GRANDE DO SUL

 

Nascida na Áustria em 1818, Madre Bárbara Maix tornou-se a primeira mulher beatificada, no Rio Grande do Sul. Perseguida em Viena, pela sua opção de vida religiosa, mudou-se para o Brasil, em 1848. No ano seguinte, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), fundou a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Viveu no Brasil por 25 anos, dos quais, 11 no Rio de Janeiro. Viveu e trabalhou 14 anos em Porto Alegre. Faleceu em 17 de março de 1873, no Rio de Janeiro (RJ). A causa de canonização foi iniciada em 1993, em Porto Alegre.

A vida cristã de Bárbara Maix, o testemunho de santidade e a cura milagrosa do menino Onorino foram essenciais para o Papa Bento XVI proclamá-la Bem-Aventurada (ou beata, em italiano). A beatificação aconteceu no dia 06 de novembro de 2010, em cerimônia religiosa realizada no Gigantinho, em Porto Alegre, com público de mais de 20 mil pessoas.