Iniciamos um novo ano
Dom Adelar Baruffi – Bispo de Cruz Alta
Ainda vivendo as festas natalinas, com todo o seu significado espiritual e humano, iniciamos um novo ano. Para muitas pessoas o ano inicia com o merecido tempo de descanso. Não falta a alegria e renovada esperança. Os planejamentos já realizados nos reservam um ano cheio de atividades.Também, com certeza, não faltarão as costumeiras dificuldades e cruzes pessoais, familiares e sociais. Contudo, o ano será novo se continuarmos a sonhar, lutar e construir a vida, a Igreja e a sociedade conforme Deus deseja. O primeiro dia do ano traz duas marcas: a celebração de Maria, mãe de Deus e o Dia Mundial da Paz.
Ao enviar seu Filho ao mundo para ser o nosso Salvador, Deus Pai conta com a acolhida e livre colaboração de Maria, a Mãe de Deus. Esta Solenidade, celebrada no dia 01 de janeiro, que festeja aquela que nos trouxe o autor da vida, nosso Salvador, também nos convida a termos um estilo mariano de viver. Este é o Ano Mariano. Nele serão celebrados os 300 anos da devoção a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Para nossa Diocese, daremos especial atenção ao centenário das aparições da Virgem Maria em Fátima, Portugal. O contexto atual, brasileiro e mundial, é diferente daquele que vivia-se em 1917. No entanto, o convite à conversão, o apelo à oração pessoal e familiar, e a necessidade da construção da paz, o fim das guerras e a resistência pacífica diante do mal são pedidos da Virgem Maria em suas aparições que permanecem muito atuais. Maria será sempre a Mãe acolhedora e compassiva, que acolhe seus filhos e intercede por todos. Mas, não de menos, nossa devoção deve beber das fontes bíblicas que nos apresentam fragmentos de sua vida, que por sua densidade nos apontam para um projeto de vida.
O ano também inicia marcado pelo desejo de paz. Como desejamos e precisamos de paz! A violência continua ceifando vidas: a violência do aborto; a violência fruto do tráfico de drogas e armas que atinge, sobretudo, os jovens; a violência familiar; a violência dos idosos abandonados e tantas outras formas. O Beato Papa Paulo VI quis que o primeiro dia do ano fosse marcado pelo“augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro”. Para este ano o Papa Francisco propôs o tema “A não violência, estilo de uma política para a paz.”Com esta Mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Santo Padre deseja indicar um caminho de esperança apropriado às circunstâncias históricas presentes: chegar à solução das controvérsias por meio de negociações, evitando que elas se degenerem em conflito armado. Somos convidados a agir nos espaços possíveis, negociando caminhos de paz, até mesmo onde tais caminhos parecem tortuosos ou impraticáveis. A paz será sempre uma construção, com decisão pessoal que supõe tolerância, acolhida de quem pensa diferente e capacidade de diálogo. Recordemos que a paz inicia sempre em nossos ambientes cotidianos, sobretudo na família e lugar de trabalho. Evitemos palavras ofensivas. Procuremos caminhos de comunhão e inclusão.
Desejo a todos nossos diocesanos um ano abençoado. “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” (Nm 6,22-26). Empenhemo-nos, todos, na construção da paz. Vivamos a fraternidade em nossas famílias e comunidades. Sejamos sinais de comunhão e construtores da “cultura da misericórdia”. Feliz Ano Novo!