Inteligência Artificial e Paz
“Inteligência Artificial e Paz” é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º de janeiro. Em sua mensagem, ele alerta que a inteligência artificial, apesar de trazer consigo inúmeras vantagens e possibilidades para o desenvolvimento humano, também apresenta desafios éticos e sociais que precisam ser discutidos e abordados desde o início.
Escreve que é importante ressaltar que a inteligência artificial não é neutra. Ela está sujeita às influências culturais e pode ser usada para controlar os hábitos mentais e relacionais das pessoas para fins comerciais ou políticos, muitas vezes sem o seu conhecimento, limitando o exercício consciente da liberdade de escolha.
Não podemos presumir a priori que o desenvolvimento da inteligência artificial trará benefícios para a humanidade e para a paz entre os povos. A inteligência artificial possui desafios que vão além da mera técnica, envolvendo questões antropológicas, educacionais, sociais e políticas.
É importante ter consciência de que a capacidade de produzir textos coerentes não garante a confiabilidade de um dispositivo. A mente humana é inesgotável e os algoritmos mais avançados apenas oferecem aproximações estatísticas do futuro, não previsões garantidas. Além disso, a análise de grandes quantidades de dados pelas inteligências artificiais não garante imparcialidade.
A inteligência artificial também tem impacto no mercado de trabalho. Muitos empregos que antes eram exclusivamente humanos estão sendo substituídos por aplicações industriais dessa tecnologia. Porém, esse avanço pode gerar desigualdades e empobrecimento para muitos em benefício de poucos.
Francisco também demostrou preocupação ética sobre sistemas de armas letais autônomas, que utilizam inteligência artificial para ações bélicas. É fundamental garantir uma supervisão humana significativa desses sistemas, para evitar que armas sofisticadas caiam em mãos erradas e facilitando ataques terroristas e desestabilização de governos legítimos.
Por outro lado, se a inteligência artificial for utilizada para promover o desenvolvimento humano integral, poderemos ter inovações importantes na agricultura, na educação, na cultura, e promover a fraternidade humana e a amizade social. É essencial que as questões éticas sejam consideradas desde o início da pesquisa, nas fases de experimentação, projeção, produção, distribuição e comercialização.
Precisamos evitar a criação de novas desigualdades e injustiças por meio do desenvolvimento acelerado da inteligência artificial. Ao invés disso, devemos buscar a paz, o fim dos conflitos e o alívio do sofrimento humano. Isso requer um compromisso coletivo na busca do desenvolvimento integral de todas as pessoas e povos.
O Papa Francisco conclui desejando que no início deste novo ano, todas as nações trabalhem unidas para garantir que a inteligência artificial sirva à causa da fraternidade humana e da paz, respeitando os valores humanos e promovendo o desenvolvimento integral de todas as pessoas e povos.
Dom José Mário Scalon Angonese – Bispo Diocesano de Uruguaiana