Jesus Cristo, nosso Bom Pastor
O Evangelho deste Domingo (João 10,1-10) nos oferece uma compreensão da pessoa e da missão de Jesus Cristo, conforme nos explica a parábola do Bom Pastor.
Nesta passagem, Jesus proclama que Ele é o enviado pelo Pai. Ele adverte que quem entra no aprisco por qualquer outro caminho é ladrão ou assaltante, mas quem entra pela porta é o verdadeiro pastor das ovelhas.
Para compreender plenamente o significado por trás do uso de Jesus da metáfora “entrar pela porta“, é necessário refletir sobre sua declaração subsequente: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem”. Ao contemplar essas palavras, podemos compreender melhor a mensagem pretendida. Cristo, o Bom Pastor de sua Igreja, convocou todos os cristãos a perpetuar suas ações e fazer de seu rebanho. Espera-se que cada fiel participe da tríplice Missão de Cristo como Sacerdote, Profeta e Rei, a partir da vocação batismal, a qual é o caminho normal da santidade cristã.
No entanto, Jesus Cristo chama alguns poucos, escolhidos entre os fiéis seguidores, para servir como uma personificação tangível de sua presença dentro do rebanho. São João Paulo II costumava observar que o padre “personifica” Cristo, dando-lhe uma forma física, emprestando-lhe a voz, o rosto, as mãos, os pés, a inteligência e o coração. A Igreja é abençoada com estes colaboradores escolhidos por Ele, preparados nos Seminários da melhor maneira possível para desenvolver um relacionamento íntimo com Cristo. Embora o padre tenha um papel oficial na Igreja, é importante lembrar que ele antes de tudo é amigo de Jesus. Como o próprio Jesus declarou aos Doze, eles não eram mais considerados meramente servos, mas amigos que estavam a par de tudo o que Ele tinha ouvido de seu Pai.
Para estabelecer uma relação íntima com o Mestre, ao sacerdote é requerida a vida de oração e a configuração a Cristo. Da mesma forma, é necessária a oração de todos pela fidelidade dos sacerdotes.
O padre se esforça para se conformar à vontade do Mestre e imitar sua vida. No entanto, ele está constantemente ciente do vasto abismo que o separa desse ideal, levando a uma tensão sem fim. Muitas vezes esperamos encontrar uma imagem reveladora de Jesus Cristo em nossos sacerdotes e nos sentimos desanimados ou até consternados quando essa expectativa, por alguma razão, não é atendida. Entretanto, é importante reconhecer que sempre, em todos nós, não só nos padres, existirá um enorme abismo entre o homem e Deus.
Na sua missão de Bom Pastor, Jesus abre-nos a porta, e o rebanho reconhece a sua voz. Cada ovelha é chamada pelo nome. Uma vez contabilizadas todas as ovelhas, o Bom Pastor abre o caminho e suas ovelhas o seguem atrás, guiados pelo som de sua voz.
Jesus convoca os sacerdotes para se revelarem ao mundo, detalhando as características exatas que eles devem incorporar. O porteiro que abre a porta da nossa salvação nunca a fecha para nós. Em vez disso, Ele nos ajuda a vencer dúvidas, dificuldades e hesitações, motivando-nos a seguir em frente a cada dia. Ele nos convida a lutar um pouco mais, a dar mais um passo rumo ao objetivo último da santidade pessoal.
Um pastor deve permanecer fiel à doutrina para ser considerado um bom pastor de Cristo. Se se desviar dos ensinamentos da Igreja, arrisca-se a conduzir o seu rebanho para perigosos precipícios.
Frequentemente, as pessoas pretendem que o padre modifique a doutrina da Igreja, segundo seus gostos e opiniões. O que significaria administrar a Comunhão àqueles que se casaram de forma ilegítima, tolerar uniões de fato, dar absolvição coletiva e ignorar a falta de comprometimento vital à Lei de Deus.
O dever do administrador é permanecer fiel, sem ceder à tentação de fazer concessões doutrinárias. Portanto, ele não pode se envolver em nenhuma ação que vá contra esse princípio.
O padre lidera pelo exemplo. Ele se esforça para incorporar em sua vida a mensagem que transmite por meio de palavras, demonstrando um compromisso genuíno com a causa do Evangelho.
Rezemos pelos pastores que procuram imitar o Divino Mestre e Bom Pastor em suas palavras e ações, enquanto conduzem o rebanho.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen