Jesus fala com autoridade
Em nossos dias muita gente busca conhecer o futuro, o que lhes espera nos tempos que virão, através de adivinhações, cartas etc. ou pretendem mergulhar no passado, para buscar no passado de suas vidas explicações para os seus problemas de hoje. Supostamente buscam até em vidas anteriores, segundo suas crenças, estas explicações.
Na Sagrada Escritura, estas práticas foram sempre fortemente condenadas. Quem recorresse a estas práticas, era condenado à morte. A única forma válida, na crença do povo de Israel, para se saber algo, seja do passado, do presente ou do futuro, era a escuta dos profetas que Deus enviava a Seu povo. Mas como discernir quem era um profeta autêntico?
Na 1ª Leitura deste Domingo, (Deuteronômio 18,15-20), vemos o exemplo de um autêntico profeta de Deus, que era Moisés. Quais os sinais de sua autoridade profética? Ele foi chamado por Deus para esta vocação sublime e fala o que Deus quer que ele fale. Não fala para agradar a ninguém, nem para aproveitar-se de seu anúncio. Além disso, fala com a autoridade que Deus lhe outorgou.
Sentindo o peso desta missão, e junto com o povo, Moisés pede ao Senhor que envie outros profetas. E Deus atende este pedido justo de Moisés: “Então o Senhor me disse: Está bem o que disseram. Farei surgir para eles, do meio de seus irmãos, um profeta semelhante a ti. Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar”. Deus nunca abandonou o seu povo. Nunca deixou faltar os profetas que transmitiam fielmente a vontade do Senhor ao Povo eleito.
Hoje, a missão profética está confiada, antes de tudo, a cada cristão batizado, que através de sua vida, de sua palavra, de sua atitude é chamado a espalhar pelo mundo, no seu cotidiano da família, do trabalho, das relações interpessoais, a palavra e o testemunho profético do anúncio do Reino de Deus. Além disso, também no contexto da Igreja continuamos a escutar a Palavra profética de Deus, Deus nunca nos deixará sem essa palavra desafiadora e transformadora. É preciso sempre dar atenção ao que Deus nos fala, por intermédio da Igreja.
No Evangelho deste Domingo (Marcos 1,21-28) vemos Jesus expulsando um espírito demoníaco impuro que, ao ver Jesus, se manifesta: “Que tens Tu a ver conosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder?”, Jesus exorciza aquele homem, expulsando dele o espírito do mal. Assim o faz sem oferecer um espetáculo de exorcismo, como hoje é possível ver em muitos lugares. “Cala-te e sai desse homem”, ordena Jesus. E imediatamente o homem ficou livre. Os assistentes ficaram admirados: “E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!”
Nosso Senhor tem autoridade divina. Esta autoridade se revela em suas palavras e ações, que sempre tem uma única motivação: a salvação dos homens. A exemplo de Jesus, nossa vocação cristã nos habilita também a irmos ao encontro daqueles que vivem presos em si mesmos, ou experimentam situações desumanas, ou estão mergulhados no pecado. Para estas pessoas e para as situações de desumanidade que persistem no mundo de hoje, nós temos uma palavra de salvação, que é o amor de Jesus em nós, amor este que nos impulsiona a ir ao encontro destas situações e com a Graça de Deus agindo, a muda-las.
Na 2ª Leitura (1Coríntios 7,32-35), São Paulo faz o elogio da virgindade consagrada a Deus. Quem recebe de Deus este chamado, não deve ter medo de responder com alegria. Peçamos a Nossa Senhora que nos ajude a viver com generosidade o amor em nossa vida, cada um no seu estado de vida, servindo a Deus e aos outros com verdadeiro espírito de santidade.
Dom Antônio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen