Jesus falava com autoridade
Estamos no quarto domingo, nós ainda estamos lendo o primeiro capítulo de Marcos, mas a conclusão do povo já é esta: “O que é isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade: ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem!” (Mc 1,27).
Quem está acostumado à missa percebe logo que nós estamos caminhando com Jesus. Ele vai se revelando aos poucos. Está formando o seu grupo, e se apresenta como um verdadeiro profeta. E, neste domingo, nós encontramos uma resposta do povo. Eles percebem que Jesus se apresenta dentro da normalidade da vida. Segue os usos e costumes de seu povo. Aos sábados, Jesus entrava na sinagoga e ensinava o povo.
A sinagoga era a casa de reuniões do povo de Israel. Não era o templo, mas casa de reunião do povo. Lá se reuniam aos sábados, para estudar, debater e conhecer sempre mais a lei e os profetas.
O dia santificado ainda era o sábado. Neste dia, as pessoas eram instruídas e podiam freqüentar estes debates e esclarecer suas dúvidas. Lá estava também aquele homem possuído de um espírito mau, que logo começou a gritar: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Eu sei quem tu és: tu és o santo de Deus”. E Jesus o intimou dizendo: “Cala-te e sai deste homem!” (Mc 1, 23-25). Todos ficaram admirados desta autoridade.
Em toda a história do povo de Israel, estava presente a esperança pela vinda de um Salvador. O povo estava sempre esperando por alguém: um profeta, mais que um profeta, um Messias.
Na primeira leitura, já se fala desta expectativa, quando Moisés relata o que o Senhor lhe tinha dito: “Farei surgir para eles, do meio de seus irmãos, um profeta semelhante a ti. Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar. Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar as minhas palavras que ele vai pronunciar em meu nome” (Deut 18,18-19).
É neste contexto que se deve entender a palavra dura e decidida de Paulo aos coríntios, na segunda leitura, em defesa do celibato, tanto para os homens, constituídos profetas e sacerdotes, como para as mulheres consagradas. Deveriam ser pessoas totalmente envolvidas com Deus, sem divisão e outras preocupações.
Dom Zeno Hastenteufel – Bispo Diocesano de Novo Hamburgo