Jesus nos convida a segui-lo
O Evangelho desta semana (João 14,1-12) narra um momento de confusão sentido pelo apóstolo São Tomé, que estava inseguro sobre a ausência física de Jesus. Tomé e os demais Apóstolos temiam perder a Jesus.
Jesus o tranquiliza, exortando a ele e aos demais a manter a calma e a confiar que ele vai preparar um lugar para eles e para nós todos que o seguimos, na casa de seu Pai.
Jesus afirma ser o único Caminho para o Pai, proclamando-se também a Verdade e a Vida. Jesus oferece uma força orientadora sobrenatural, e Ele próprio trilhou o caminho desafiador que hoje nós temos pela frente. Ele lembra a todos nós que este caminho é o caminho normal do cristão: o caminho da entrega e da generosidade. Após a ressurreição, tendo cumprido sua missão, Jesus estará sempre presente, para acompanhar seus discípulos e dar-lhes coragem para seguir os seus passos pelos caminhos da vida.
Jesus falou de um caminho desafiador para o cristão, para aquele que quiser segui-lo. Este caminho envolve sacrificar a própria vida pelo bem dos outros. Ele frequentemente conversava isso com seus discípulos, embora eles relutassem em compreender o princípio de dar a vida como algo necessário.
Seguindo o caminho traçado por Jesus, entra-se na casa do Pai já aqui na terra, através da Igreja, a qual é a comunidade dos que seguem o caminho que é Jesus. Esta comunidade oferece inúmeras oportunidades de entregar a própria vida mediante serviços e ministérios.
Os diferentes ministérios, os chamados vocacionais que Deus faz e outras situações, oferecem uma chance de usar os próprios talentos para beneficiar tanto a Igreja quanto o mundo. Esses diversos chamados de Deus fornecem uma plataforma para cada indivíduo servir a seus irmãos e ajudar a implantar no mundo as sementes do Reino de Jesus.
O que Jesus solicita e prepara para nós é diferente de qualquer posicionamento na sociedade secular, avaliada pelos fatores de influência, reputação ou ganho financeiro. O lugar mais elevado na casa do Pai é determinado por um padrão único: o serviço. E será mais “importante” para Deus aquele que oferece sua vida aos irmãos, na comunidade da Igreja e fora dela. Este serviço desinteressado visa permitir que a Igreja sirva de fundamento a uma nova estrutura social, uma irradiação de sua vida interna para a sociedade civil, semelhante ao edifício espiritual mencionado na 2ª Leitura de hoje, tirada da Carta de São Pedro (1o Pedro 2,4-9). O edifício espiritual em questão é moldado pelo próprio Deus, com pedras vivas que são os seres humanos, que somos nós. Ao contrário das estruturas tradicionais de tijolos de barro, este edifício é composto por pessoas. Cristo é a pedra angular deste templo, sobre o qual Deus ergueu uma vasta estrutura composta por aqueles que creem e foram batizados. Juntos, eles formam um templo magnífico e inigualável. No trecho da 2a Leitura, vemos como durante a noite de Páscoa, Pedro falou aos recém-batizados, lembrando-os de uma profecia do Antigo Testamento que predisse que Deus, um dia, recuperaria uma pedra descartada e a usaria como pedra angular para uma nova estrutura. Essa mesma pedra não é outro senão Jesus, que foi desprezado pela elite religiosa e política de sua época. No entanto, no dia da Páscoa, Deus o retirou da região da morte e o estabeleceu como o fundamento de uma nova criação.
Vivendo em comunhão de vida com Cristo, nós cristãos, nos unimos para oferecer sacrifícios espirituais que agradam a Deus. Esses sacrifícios significam levar uma vida santificada que esteja de acordo com nossa fé e demonstrar amor por nossos semelhantes. Estes atos de sacrifício permitem a cada cristão, que pelo Batismo se torna um sacerdote do sacerdócio fundamental, comum a todos os cristãos, a que colaboraremos para a implantação da Igreja, em uma sociedade mais justa e fraterna, segundo os planos de Deus.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen