Jesus, o verdadeiro profeta de Deus
Neste domingo, a Santa Liturgia nos convida a voltarmos nosso olhar para Cristo, reconhecendo-o como o Profeta por excelência.
Sua missão foi única, verdadeira e definitiva, tornando seu ensinamento de valor supremo para toda a humanidade, em todos os tempos e culturas. O profetismo, como meio de comunicar os desígnios divinos aos homens, já era uma instituição desejada por Deus no Antigo Testamento, apesar do risco derivado dos falsos profetas, fruto da presunção e da audácia humanas.
Contudo, nos últimos tempos, observamos o uso frequente e, por vezes, exagerado e infundado do termo “profeta”.
Mais do que nunca, é um imperativo lembrar que para ser profeta é necessário ser escolhido, instruído e enviado por Deus, capaz de interpretar a situação atual à luz da Palavra divina. Além disso, o verdadeiro profeta deve ser um exemplo vivo e confiável desta Palavra, acolhida e anunciada.
A autodenominação como profeta, como hoje não é tão incomum, sem o cumprimento de tais condições, significa enganar a si e aos outros, caracterizando-se como uma profecia falsa, proveniente de um falso profeta.
A 1a Leitura, tirada do Livro de Deuteronômio (18,15,20) nos lembra que Deus suscitará um profeta e colocará suas palavras em sua boca. Desde o início de sua existência, a Igreja, o novo Povo de Deus, procurou acolher a profecia com critérios claros e seguros. Um dos primeiros catecismos conhecidos, chamado a “Didaché” já aconselhava a discernir os verdadeiros profetas, aceitando aqueles que ensinam a verdade e promovem a justiça, ao passo que se deve rejeitar aqueles que se desviam da Doutrina Sagrada.
O Salmo Responsorial (Salmo 94) ressoa como um chamado à adoração a Deus, exortando-nos a não endurecer nossos corações diante da voz de Deus, assim como nossos pais na fé, no Antigo Testamento, fizeram em Meriba e Massa. A voz do Senhor continua a falar-nos por meio de sua Palavra, transmitida na Liturgia, nos documentos do Magistério da Igreja e por suas inspirações em nossos corações. Devemos sempre ouvir e acolher com docilidade.
O Apóstolo São Paulo, na 2a Leitura (1a Coríntios (7,32-35), destaca a virtude do celibato, indicando-o como uma forma de imitar mais plenamente a Cristo e dedicar-se ao serviço do Evangelho.
Hoje, em um tempo no qual se desvaloriza o celibato por amor ao Reino de Deus, é importante rezar pelos ministros sagrados, para que sejam fiéis a este compromisso livremente assumido, para que tenham o coração mais livre para se dedicarem plenamente ao amor a Deus e aos irmãos.
No Evangelho de Marcos (1:21-28), testemunhamos como Jesus ensinou com autoridade, sendo Ele a plena revelação do Pai. Um escritor antigo, chamado Orígenes, destaca que a singularidade de Jesus reside em sua sabedoria, maravilhas realizadas e autoridade, uma combinação raramente encontrada entre os homens deste mundo.
Que neste Domingo continuemos a acolher e a meditar sobre as palavras do verdadeiro Profeta, Jesus Cristo, e rejeitemos as falsas vozes que se apresentam como profetas, sem cumprir as condições divinamente estabelecidas para tanto. Que o exemplo de vida e a autoridade de Cristo iluminem nosso caminho, guiando-nos na verdade e no amor.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen