Legado do Ano Jubilar 

Dom Adelar Baruffi – Bispo de Cruz Alta  

Na Bula Misericordiaevultus(O rosto da misericórdia), o Papa Francisco fixou a data do dia 13 de novembro de 2016 para a conclusão do Ano Jubilar da Misericórdia em todas as dioceses. Em Cruz Alta, celebraremos a missa de ação de graças e seu encerramento na Catedral Divino Espírito Santo, às 18h. No dia 20 de novembro, Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, o Santo Padreconcluirá o Ano Jubilar com o fechamento da Porta Santa na Basílica São Pedro, no Vaticano. Sem dúvidas, vivemos, neste ano, um tempo de graças. A todos foi-nos oferecido um tempo precioso de misericórdia e conversão. Com Maria, podemos, também, cantar que “sua misericórdia se estende de geração em geração” (Lc 1,50). Com Santa Teresa de Ávila e Santa Terezinha do Menino Jesus repetimos as palavras do salmista: “cantarei para sempre as misericórdias do Senhor” (Sl 89,1).

A pergunta que hoje nos fazemos é esta: o Ano Jubilar nos ajudou a sermos “misericordiosos como o Pai”? O que conseguimos aprender,para sermos mais humanos, mais cristãos, mais fraternos? Quantas reflexões, escritos, retiros, palestras, grupos de reflexão, tríduos, novenas, estudos bíblicos, teológicos e pastorais sobre o tema da misericórdia! O mais importante foi ter nos mostrado a misericórdia como um tema central da fé cristã. Olhamos para Jesus Cristo, o rosto da misericórdia do Pai, e vimos que viveu movido pela misericórdia. Ao contemplar o agir de Deus, revelou-se que “o nome de Deus é misericórdia” (Francisco). “Pela bondade e compaixão de nosso Deus” (Lc 1, 78), qual Bom Samaritano, se inclina sobre a humanidade e envia seu Filho para nos salvar (cf.Jo 3,16).A misericórdia é a síntese de quanto Deus oferece ao mundo, porque nada de maior o coração humano pode desejar.Assim, olhamos para nós mesmos e percebemos que, como em Maria, um olhar de bondade e acolhida pousou sobre nós, necessitados de misericórdia. Ofereceu-se oportunidade de obter as indulgências através das portas santas. Aprofundou-se o sentido do sacramento da reconciliação e a importância do perdão. Redescobriu-se o valor das obras de misericórdia, não somente pelas ações concretas que elas pedem, mas pelo seu caráter pedagógico, ao nos educar para sairmos de nós mesmos, de nosso pequeno mundo, para ver, deixar-se afetar, ter compaixão e agir diante das inúmeras realidades de sofrimento humano. Isto tudo por causa de nossa fé em Jesus Cristo, que se identifica com os sofredores. Estendemos nosso olhar de misericórdia além de nós mesmos, para a família, a comunidade de fé e para as chagas da realidade social. Com o Bom Samaritano, vimos que a misericórdia não se reduz a sentimentos, mas move a ações concretas em favor daquele “ferido à beira do caminho” (Lc 10,30). Confirmamos, mais uma vez, que a fé que não se traduz em caridade operosa, não é cristã.

Permanece o desafio de construirmos “caminhos para tornar pastoral a misericórdia” (Francisco). Isto é, que ela esteja presente como um “estilo de vida”, bem como com projetos pastorais que vão ao encontro de quem precisa para oferecer “o bálsamo da misericórdia.” Neste sentido, o Ano Jubilar conclui-se, mas “a porta da misericórdia” deve permanecer sempre aberta. Temos certeza que a proposta da misericórdia humaniza, aproxima as pessoas, cria espaço para relações fraternas. Ainda precisamos superar a lógica do mérito, para motivar as ações a partir da gratuidade. Temos um longo caminho a percorrer, primeiro deixando-nos continuamente renovar pela misericórdia e, então, ir ao encontro das pessoas e oferecer a todos a bondade e a ternura de Deus. Podemos nos perguntar: que herança levo e o que aprendi com o Ano Jubilar da Misericórdia?

 

 

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