Liturgia comunitária, lugar do encontro com o Ressuscitado

Estamos no Tempo Pascal, que compreende cinquenta dias, entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes. Devem ser celebrados com alegria e júbilo, como se se tratasse de um único dia festivo, como um grande Domingo.

Neste Tempo celebramos a Páscoa de Cristo, nosso Senhor e Salvador, que passou da morte para vida, vida plena e eterna, definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, que é seu Corpo Místico. Celebrar a ressurreição de Cristo e sua vitória sobre a morte é celebrar também nossa existência futura.

Os cristãos organizaram sete semanas para prolongar a alegria da Ressurreição e para celebrar, ao final destes cinquenta dias, a Festa de Pentecostes, memorial dádiva do Dom do Espírito Santo. A Liturgia insiste no caráter unitário destas sete semanas. Neste período se celebra a Ascensão do Senhor, não necessariamente aos quarenta dias da Páscoa, mas no sétimo domingo pascal. É mais importante o sentido da celebração do que a quantidade exata de dias. E tudo se conclui com a vinda do Espírito em Pentecostes.

O Mistério Pascal está no centro da nossa fé. A fé em Cristo ressuscitado transforma nossa vida e dá um sentido novo para tudo: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé; ainda estais em vossos pecados. (…) Se temos esperança em Cristo somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão de todos os homens. Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram. Com efeito, visto que a morte veio por um homem, também por um homem vem a ressurreição dos mortos” (1 Cor 15,17.19-21).

A experiência do encontro com o Senhor ressuscitado confirma os apóstolos na fé e os lança à missão deixada por Jesus de anunciar o Evangelho a todos, convidando à conversão e inserindo os convertidos no mistério da vida nova em Cristo, pelo Batismo e pelos outros sacramentos.

O Catecismo da Igreja Católica ensina que “na Liturgia terrestre, nós participamos da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, na qualidade de peregrinos, caminhamos” (n. 1090).

Neste espírito, o Catecismo acentua a celebração comunitária em relação à individual porque o rito comunitário expressa melhor o caráter eclesial de toda celebração litúrgica: “é toda a comunidade, o corpo de Cristo unido à sua Cabeça, que celebra” (cf. CIC, n. 1140), e isso se refere a toda celebração litúrgica, mas se vivencia melhor na assembleia comunitária, de modo especial no sacrifício eucarístico que representa a expressão máxima da unidade da Igreja.

Reconheçamos a Liturgia e aproximemo-nos dela como “cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, fonte donde emana toda a sua força” (SC 10), para crescer no caminho de santidade iniciado em nosso Batismo.

Dom José Mário Scalon Angonese – Bispo Diocesano de Uruguaiana