Mãe da misericórdia, rogai por nós!

Dom Hélio Adelar Rubert – Arcebispo de Santa Maria

No dia 12 de outubro de 2016 começamos no Brasil o Ano Nacional Mariano que se estenderá até 11 de outubro de 2017.

Desde o início da história do Brasil uma das características é a fé cristã, a começar com a “primeira Missa”, presidida por Frei Henrique de Coimbra, no dia 26 de abril de 1.500, em Porto Seguro, na Bahia. Desde a chegada dos portugueses ao Brasil a devoção mariana faz parte do núcleo da evangelização centrada em Jesus Cristo.

A devoção mariana se espalhou pelo Brasil através dos cristãos portugueses e missionários. Em São Paulo no ano de 1.717 aconteceu o encontro de uma imagem partida em dois pedaços, em dois lances de rede, em lugares próximos um do outro, pelos três pescadores. Este achado, seguido da pesca abundante, ocasionou um surto fantástico da devoção mariana na região, São Paulo e todo Brasil.

O Papa Francisco, a propósito deste fenômeno do Rio Paraíba – SP, afirmou: “Primeiro o corpo, depois a cabeça, em seguida a unificação do corpo e cabeça: a unidade. Aquilo que estava quebrado retoma a unidade. O Brasil colonial esteve dividido pelo muro vergonhoso da escravatura. Nossa Senhora Aparecida se apresenta com a face negra, primeiro dividida, mas depois unida, nas mãos dos pescadores. Em Aparecida logo desde o início, Deus dá uma mensagem de recomposição do que está fraturado, de compactação do que está dividido. Muros, abismos, distâncias ainda hoje existentes estão destinados a desaparecer. A Igreja não pode descurar esta lição: ser instrumento de reconciliação”.

Em Santa Maria, no início da devoção da Medianeira, também havia divisão. A cidade em 1930 estava dividida e ameaçada pelas forças militares. A oração fervorosa do povo provocou o “milagre” da reconciliação. Nenhuma bala foi disparada, nenhuma gota de sangue. O povo, na época, disse: “Santa Maria foi salva pela Medianeira!”

Mais uma vez o povo experimentou o papel de Maria: unir, reconciliar os filhos e a sociedade com a misericórdia. O que aconteceu em Santa Maria não foi uma aparição, mas uma experiência de fé, de oração, de intercessão e de vida.

Durante a preparação e celebração da Romaria Estadual da Padroeira, somos convidados a contemplar o rosto misericordioso de Deus e da Mãe Medianeira.

A Medianeira está de braços abertos para abraçar seus filhos e filhas. Sua imagem vai girando sobre o carro que a conduz na procissão. Dessa forma ela pode olhar para todos e também ser olhada por todos. O olhar bendito, sereno e misericordioso de Maria contempla a cidade, as ruas, nossas moradias e todos os peregrinos.

 

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