Mensagem ao povo brasileiro

Nos dias 1 até 10 de maio, os Bispos do Brasil, com ternura de pastores, que amam e cuidam do rebanho, divulgaram uma mensagem ao povo brasileiro na qual registram, com esperançosa alegria, o esforço das comunidades e inúmeras pessoas em testemunhar o Evangelho, comprometidas com a vivência do amor, a prática da justiça e o serviço aos mais necessitados.

            À luz do Cristo Ressuscitado, olham os sinais de morte que ameaçam os filhos e filhas de Deus, especialmente os mais vulneráveis. Alertam que a crise ética, política, econômica e cultural se aprofunda cada vez mais no Brasil. A opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres, conforme já lembrava o Papa João Paulo II na Conferência de Puebla (1979).

           Inspirados na Campanha da Fraternidade reafirmam a necessidade de políticas públicas que assegurem a participação, a cidadania e o bem comum, com cuidado especial para a educação, gravemente ameaçada com corte de verbas, retirada de disciplinas necessárias à formação humana e desconsideração da importância das pesquisas.

           Denunciam a corrupção, radicada em inúmeras estruturas do País, como causa da pobreza e exclusão social. Lembram o desemprego que atinge 13 milhões de brasileiros e a subnutrição que afeta 28 milhões. Esta realidade mostra que as medidas tomadas para superá-la, até agora, foram ineficazes. Além disto, é necessário preservar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

            Apontam para a violência que atinge níveis insuportáveis, com o assassinato de muitos jovens e muitas outras pessoas, com o feminicídio, o submundo das prisões e a criminalização daqueles que defendem os direitos humanos e reclamam vigorosas ações em favor da vida e da dignidade humana.

            O discípulo de Jesus terá sempre no amor, no diálogo e na reconciliação o caminho para responder à violência e à falta de segurança, inspirado no mandamento “Não matarás” e não em projetos que flexibilizem a posse e o porte de armas.

            Por fim, a mensagem menciona o desrespeito aos povos originários, a mercantilização das terras indígenas, quilombolas e augura que o Brasil seja uma nação de irmãos e irmãs, sem discriminação, preconceito e ódio; respeite as diferenças, incentive a participação dos jovens, valorize os idosos, ame e sirva os pobres e excluídos, acolha os migrantes, promova e defenda a vida e a natureza.

           Acolhamos esta mensagem com as bênçãos da Mãe Aparecida!

+ Hélio Adelar Rubert – Arcebispo Metropolitano de Santa Maria