Mensagem de esperança na provação

Na primeira leitura desta Solenidade de Todos os Santos (Apocalipse 7,2-4.9-14), o Apóstolo dirige-se a pessoas concretas a viverem em Filipos, Éfeso, Colossos e Roma. As perseguições a que foram sujeitos originaram muita destruição nas primeiras comunidades cristãs. Iriam desaparecer estas comunidades? As visões do profeta cristão trazem uma mensagem de esperança nesta provação.

A revelação proclamada é a da vitória do Cordeiro, do Ressuscitado. Ele transformou o caminho de morte em caminho de vida para todos aqueles que O seguem, em particular pelo martírio, e eles ainda hoje são numerosos; participam doravante no seu triunfo, numa festa eterna. São os santos de Deus, os seus discípulos, quer estejam já com Cristo no céu ou vivam ainda na terra.

Essa multidão imensa com vestes brancas e palmas na mão são aqueles que neste mundo suportaram tribulações e perseguições e deram a sua vida pelos irmãos, como fez o Cordeiro. Considerados derrotados pelos homens são, para Deus, vencedores.

Esta visão do céu dá sentido e resposta à nossa existência e ao nosso último destino, pois com o Ressuscitado, que nos acompanha, saímos seguros deste mundo sabendo que Ele nos introduz numa vida nova.

São João, na segunda leitura (1 João 1,1-3), responde às perguntas sobre o nosso destino: o Pai não espera o dia da nossa morte para nos dar esta vida divina, Ele já a dá hoje. É a segunda mensagem de esperança. Ela responde às nossas dúvidas sobre o destino dos defuntos. O que aconteceu com eles? Como sabê-lo, pois desapareceram dos nossos olhos? E nós próprios, que viremos a ser? A resposta é uma dedução absolutamente lógica: se Deus, no seu imenso amor, faz de nós seus filhos, não nos pode abandonar. Ora, em Jesus, vivemos já em uma espera confiante ao futuro que  nos conduz à pertença na família divina: seremos semelhantes a Ele, «porque havemos de O ver tal qual como Ele é» (v. 2).

Essa espera confiante leva-nos a acompanhar Jesus ao alto do monte a que nos conduz o Evangelho deste dia (Mateus 5,1-12). Mais que um lugar real, «monte» é qualquer local ou circunstância em que nos abrimos à Palavra de Deus.

Hoje acompanhamos Jesus sobre o monte para ouvir as suas propostas de felicidade, de sucesso, de bem-aventurança. São propostas inquietantes, com nenhum sentido para quem tem na mente as promessas indicadas pela «sabedoria» dos homens.

Depois de refletirmos no interior do nosso coração todas as propostas de Jesus que escutamos, apenas nos resta uma atitude de identificação cristã: a espera confiante na Palavra de Deus, que nos permite chamar-lhe Pai e nos dá a possibilidade de sermos, em Cristo, seus filhos no caminho da santidade.

Saibamos nós corresponder ao seu amor numa verdadeira santidade de vida.

A Solenidade de Todos os Santos e Santas de Deus deve também nos levar a uma verdadeira devoção a estes irmãos e irmãs que, além de servirem como inspiradores para nossa vida de cristãos, no céu, junto de Deus, intercedem por nós.

Bispo Diocese de Frederico Westphalen – Dom Antonio Carlos Rossi Keller