Missão – um testemunho de amor!
Estimados Diocesanos! No mês de outubro, mês missionário e do rosário, queremos abrir os ouvidos do coração para ouvirmos a voz do Senhor, que anunciou o Reino de Deus, mas também confiou aos seus discípulos a missão de proclamá-lo a todos: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura!” (Mc 16,15).
Este mandato do Senhor, que se perpetua no tempo e na história através das gerações, pode ser recebido e assumido no coração de cada batizado ou batizada de várias maneiras. A disponibilidade para a missão requer, em primeiro lugar, uma abertura de coração para acolher o Senhor e segui-lo como discípulo ou discípula e anunciá-lo ao mundo pelo testemunho de vida e por palavras, como leigos e leigas, consagrados e consagradas e ministros ordenados.
Missão é também anunciar o Senhor da vida e cuidar da vida lá onde ela está fragilizada, como nos pede a Semana Nacional da Vida, concluída neste domingo (7), com o dia do nascituro, nesta segunda-feira (8). Eu nunca tinha visitado um leprosário antes de entrar para o seminário. Durante o período do noviciado, tive esta oportunidade, que marcou profundamente a minha vida pessoal. Lá, comoveu-me intensamente a realidade de centenas de internos e a história de vida de uma religiosa missionária.
Ela tinha vindo muito jovem para o Brasil de um país da Europa. Aqui chegando, teve oportunidades para trabalhar em vários lugares, mas escolheu estar entre os excluídos da família e da sociedade porque “leprosos”. O estigma da exclusão dos leprosos não existia só na sociedade do tempo de Jesus; continua ainda hoje, mesmo com todo o avanço da medicina. Esta religiosa viveu mais de cinqüenta anos dentro de um leprosário, cuidando das feridas da lepra que corroíam os corpos e das feridas que tinham deixado cicatrizes profundas no coração das pessoas pela falta de amor dos familiares, que as abandonaram naquele lugar. Muitas famílias mudavam de cidade e até de Estado para que o familiar não voltasse para casa. Mesmo diante de tanta dor, ela, com seu jeito de ser presença de amor, transmitia paz, conseguia sorrir e fazer as pessoas sorrirem. Também naquela situação de desfiguração, brilhava o rosto do Senhor ressuscitado, no amor caridade, que cuidava da vida com dignidade.
+ Dom José Gislon – Bispo Diocesano de Erexim