Mitra Rio Grande assume Semente da Esperança

A terça-feira (31/07) foi de despedida e esperança em São José do Norte. A Associação Beneficente São José entregou, à Mitra Diocesana do Rio Grande, a condução do Projeto Semente da Esperança, que atende mais de 400 crianças, adolescentes, idosos e familiares. O Bispo Diocesano Dom Ricardo Hoepers recebeu as chaves da instituição das mãos da Irmã Teresinha Pegoraro, em cerimônia realizada no início da tarde na sede do projeto. De manhã, as irmãs de São José, membros da diretoria da associação, assinaram em cartório, a doação do prédio material e do patrimônio imaterial à Diocese, representada pelo procurador e ecônomo, padre Péterson Figueiredo.

A Irmã Teresinha agradeceu a Deus, que “não deixou faltar força, coragem e esperança”, às irmãs que acreditaram no projeto, lançando da semente do bem, ao Poder Executivo de São José do Norte, a Dom Ricardo e a todos os sacerdotes que passaram pelo projeto. Ela também a gradeceu a todos os colaboradores e aos pais, que confiram crianças e jovens ao trabalho, salientando que as irmãs entregaram a obra em pleno funcionamento porque não podiam mais administrá-la.

Dom Ricardo, que conheceu bem o projeto na Visita Pastoral Missionária do ano passado, usou o logotipo da missão, que destaca girassóis, o regador do amor e o sol em sua manifestação. “Toda semente, para nascer e crescer, precisa ser plantada. O projeto foi plantado por mãos que deram o suor por ele. Foram as irmãs. Começou tão simples e virou o que está hoje. Não tem palavras, só Deus para recompensar. Mas a semente, para crescer precisa de outras pessoas, da sociedade, do Poder Público. Para sobreviver, precisa do trabalho do povo, quando cada um faz bem a sua parte”. Por fim, ele disse que o sol é Jesus, que cuida de cada criança.

O Bispo comunicou a contratação da assistente social Joana Bernardo como administradora do Projeto Semente da Esperança. Ela agradeceu a confiança depositada em seu trabalho por parte das irmãs de São José e da Diocese.

A secretária Municipal de Assistência Social, Mariane Gautério, foi quem procurou Dom Ricardo para propor que a Mitra Diocesana assumisse o trabalho. Ela agradeceu ao trabalho das irmãs Teresinha Pegoraro, Carmen Macagnan e Nilva Dal Belo, que saíram de Porto alegre para o evento. A prefeita de São José do Norte, Fabiany Roig, disse que tem um carinho muito grande pelo projeto e contou sobre sua experiência como professora. Emocionada, ela justificou que o coração aperta na despedida. Porém mantém a esperança no projeto que mantém vivo o amor ao próximo e dissemina bons valores.

Na oportunidade, houve apresentação do Hino do Projeto, por violão e canto. Dom Ricardo recebeu sementes de girassol. As irmãs Maria Domeneghini e Cecília Slongo, que trabalhavam diariamente no projeto, receberam flores, bem como as irmãs que trabalham na capital. Foram apresentados todos os modelos de camisetas usadas desde o início do trabalho. O evento foi prestigiado por colaboradores e membros da comunidade do bairro comendador Carlos Santos, onde está localizado a sede do projeto.

Como começou

Fundado em 17 de abril de 2001, o Projeto Semente da Esperança veio dar suporte a uma realidade difícil. São José do Norte, era o terceiro município mais pobre do Rio Grande do Sul, último em educação e saúde, tendo sua economia alicerçada na pesca (sobretudo do camarão) e na produção da cebola, que teve a safra praticamente fracassada nos anos que antecederam a fundação, provocando o êxodo rural, a concentração da população e a marginalização na cidade. Ainda com a escassez de emprego e indústrias, as famílias eram atingidas. As crianças e os adolescentes enfrentavam situações de risco e vulnerabilidade social.

Como relata a irmã Nilva Dal Belo, foi com o intuito de mudar esta realidade, que as lideranças da comunidade nortense, os conselhos municipais, o Executivo, a Paróquia São José, os Freis Capuchinhos, coordenados pelas Irmãs de São José, idealizaram o Projeto Semente da Esperança, que iniciou suas atividades em caráter experimental, objetivando oferecer a criança e ao adolescente apoio psicossocial, por meio de um programa de educação complementar a partir de atividades culturais, físico-recreativas, de esporte e lazer, e artesanais, contribuindo assim para o desenvolvimento da autoestima, da socialização e na melhoria da qualidade de vida.

Atualmente estão inscritos 422 crianças, adolescentes, idosos e familiares que participam de atividades semanais, como oficinas diversas de artesanato, de esporte, cultura e lazer, que totalizam 29 oficinas e 62 grupos e atividades pontuais por ocasião de datas comemorativas. Todos os grupos recebem lanche. As rotinas e atividades mantêm o projeto unido e vivo.

A Irmã Maria mostrou toda estrutura à reportagem, desde a quadra desportiva que tanto entusiasma os assistidos, até a cozinha industrial, passando pelas salas de artesanato e marcenaria, bem como salas de reuniões e refeitórios.