Mulheres que edificam

Diante de mim, no meu consultório onde ouço histórias singulares de cada pessoa, possuo um quadro. Lembro-me que ao vê-lo me chamou a atenção a quantidade de mulheres que estão presentes nele, andando pela rua. Traduz um fim de tarde, pós-chuva, ruas molhadas e o reflexo dos pés daquelas mulheres presentes em todas as imagens.

Quinze mulheres, e uma delas com uma criança de mãos dadas. Ao lado, na calçada, várias floriculturas, no fundo, imagens de prédios antigos e folhas de plátano. A pintura a óleo é de Sergio Soublét e retrata Paris antiga. Uma belíssima obra. Às vezes passo horas o contemplando.

Hoje o que me levou a escrever sobre essa preciosa arte foi o mês que celebramos o Dia Internacional da Mulher e que, embora o quadro seja de alguma geração anterior, mostra mulheres com seus sobretudos, sobretantos e echarpes, caminhando para algum lugar.

Para onde? Não sei…

Presumo que se hoje fosse observar a Av. Paulista em São Paulo, vislumbraria o triplo, quádruplo de mulheres e homens que todos os dias estão em sua rotina de trabalho incessante. Talvez não olhem o tamanho da avenida, nem se há flores, ou apenas aquelas centenas de prédios, horários, responsabilidades, compromissos… Diferente da tranquilidade do quadro de Soublét onde um carro e um trem passavam por aquela rua.

Mudamos, o mundo mudou, parece que internamente nossos relógios estão adiantados muitas horas do relógio cronológico. Daí a sensação de que: “Como passa rápido”. Todavia, não temos como adiantar esse pulso cronológico. Apenas o nosso pulsar, com certa taquicardia para dar conta da vida, dos afazeres, do cotidiano.

Nesse contexto, a mulher tem se despontado em cargos e lideranças, sem deixar de lado sua própria feminilidade, delicadeza e o dom de seus detalhes, cabelos, traços, marcas, acessórios, olhares.

Falo em homenagem à mulher, às mães, às filhas… Às que crêem e as que não. Àquelas que possuem objetivos, e àquelas que ainda se sentem perdidas na ação do mundo.

Há um lugar de espera e esperança para recomeço, ou para novos pontos de partida.

Nós, mulheres, temos a possibilidade de novos pensamentos e vivências, a busca por novas ciências, escritas, novos jeitos e maneiras. Temos a palavra e o colo, a fé e os passos para falar de Deus que é calma, pausa, amor.

O tempo atual nos convida à valorização, não à agressão, não à permissividade ao desrespeito. 2020, percebam! Presente! Hoje… Vivamos!

Mulheres, celebremos o ano como especial e peculiar a mudanças, autoestima, vivências que nos tragam paz e saúde para a alma.

Sou imensamente feliz por ser mulher atuante como profissional na área que amo, na arte que executo, na vida transparente e legítima que traduzo.

Parabéns às mulheres de todos os dias que entre os edifícios se edificam e que entre os caminhos se transformam.

Karla Fioravante – Psicóloga e integrante grupo Cantores de Deus