Navegantes: fé e esperança!

Neste ano de 2021, a histórica festa de Nossa Senhora dos Navegantes precisou ser adaptada às orientações das autoridades sanitárias, devido à situação de calamidade pública, causada pela presença entre nós de um vírus ágil e perigoso.

A Irmandade de Nossa Senhora dos Navegantes, promotora da devoção e animadora da festa, em sintonia com a Arquidiocese de Porto Alegre, e atenta às normas sanitárias em vigor, decidiu fazer o possível para evitar aglomeração de pessoas no dia da festa, sem deixar de considerar e celebrar a fé.

Foram canceladas as procissões que marcavam o tempo das festividades, além de restringir a presença física nas celebrações litúrgicas nos dias que antecedem à festa e no dia mesmo da festa. Estas são medidas que visam proteger a saúde de todos, pois a vida é dom e compromisso.

Não sendo possível acompanhar as procissões de Senhora dos Navegantes durante o dia 2 de fevereiro, a imagem percorrerá várias ruas da capital, visitando cinco igrejas da cidade: Catedral Metropolitana, Santuário Santa Rita de Cássia, Santuário Nossa Senhora Aparecida, Santuário Mãe de Deus e Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Esta foi a forma encontrada para aproximar a imagem dos fiéis, recolhidos em suas residências.

Nestes tempos desafiadores que vivemos, somos convidados a contemplar a figura de Maria de Nazaré e, ao mesmo tempo, deixar-nos atingir pelo seu olhar, abrindo os ouvidos da mente e do coração para escutar o que ela tem a nos dizer: “Não tenham medo. Eu sou vossa mãe”. Em todos os tempos ela continua nos exortando: “Façam tudo o que meu filho vos disser”.

A fé cristã confere a Maria de Nazaré uma importância ímpar. Ela é mãe do Deus encarnado. Ela é invocada como medianeira de todas as graças. Os fiéis guardam a memória de muitos fatos que a fé testemunha acerca de Maria. Pode-se, assim, compreender o porquê do culto e da forte devoção do povo.

Venerando Nossa Senhora dos Navegantes, os devotos procuram nela sinais de esperança, indicações para superar as dificuldades e desafios. Por isso, diante da situação de calamidade pública que vivemos, somos convidados a erguer nosso olhar e mãos para a Virgem e suplicar: Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animados, pois, com igual confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe recorremos, de Vós nos valemos, e, gemendo sob os pesos dos nossos pecados, nos prostramos a Vossos pés. Não rejeiteis as nossas súplicas. Ó Mãe do Filho de Deus humanado, dignai-Vos de as ouvir propícia e de nos alcançar o que Vos pedimos: Saúde e Paz. Amém.

Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da CNBB