No Senhor, renovemos a esperança
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! No peregrinar da vida, muitas vezes nos deparamos com situações e acontecimentos que nos edificam, mas também com aqueles que nos ferem, porque através deles, percebemos o quanto precisamos crescer humanamente e espiritualmente, para termos uma sociedade mais fraterna e solidária, que respeite a vida e sua dignidade, independente da condição social à qual pertencemos.
Para todos a vida é um caminho sem volta, onde podemos deixar as marcas do nosso peregrinar, para as próximas gerações. Elas podem ter o rosto do amor, que expressa compaixão, solidariedade e esperança, porque refletem as nossas escolhas, que podem ter a marca do bem, fruto do olhar, com os olhos do coração, a realidade que está ao nosso redor, ou do egoísmo e da indiferença em relação ao clamor dos necessitados.
No terceiro Domingo do Advento, Domingo da “Alegria”, nós somos convidados a viver na alegria, porque Jesus veio aliviar as nossas misérias, e fazer-nos filhos de Deus. Mas para que a nossa alegria do Natal não seja efêmera ou passageira, a nossa preparação deve acontecer no deserto da realidade existencial. No deserto que está perto de nós, presente nas realidades que muitas vezes fazemos de conta que não existem. Mas com a nossa participação, o deserto pode florir, dando nova vida àqueles que vivem no abandono ou à margem da sociedade.
A palavra de Deus cura e muda o coração do homem para mudar o mundo, para fazer florescer o deserto. A obra de Deus é misteriosa, exige paciência constante e espera confiante. Nascendo entre nós, Jesus veio nos trazer a salvação: da culpa, nos levou à amizade com Deus; da morte, nos garantiu a ressurreição; de desespero de uma vida sem sentido, nos mostrou que ela é um dom de Deus.
Com Jesus começou um mundo novo: aquilo que para o homem era impossível tornou-se possível pela graça de Deus. Ao redor de Jesus começa a surgir uma comunidade de mulheres e homens novos, capazes de crer, esperar e amar: esses encontram um renovado vigor para viver a vida, dom de Deus. Nós somos os continuadores daquela comunidade nova, que começou a nascer ao redor de Jesus. Por isso, é importante que o amor e a fé alimentem a nossa esperança. Que as nossas comunidades possam nutrir-se da escuta da Palavra de Deus, da oração que leva à solidariedade e à ação da caridade.
Quando rezamos: “Venha o teu Reino”, invocamos uma palavra de esperança, maior que todos os nossos desesperos; reconhecemos uma presença vital, que fecunda a esterilidade da história. Nasce desta forma um empenho para trabalhar com cada pessoa de boa vontade, na mudança da realidade em que vivemos, para que possa dar dignidade à vida, e essa possa ser vivida por todos.
Estimados irmãos e irmãs! Sem gestos concretos de amor e solidariedade, a nossa celebração do Natal pode ser apenas uma formalidade, um evento social. Vamos viver toda a beleza do Natal, abrindo as portas do nosso coração para ver e acolher Jesus, que se faz presente também naqueles que vivem realidades menos favorecidas, nem por isso, menos amados por Deus.
+ Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul