Nos passos de Jesus, o Bom Pastor

Minha saudação aos irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Estamos no 4º Domingo da Páscoa e a liturgia deste domingo nos apresenta Jesus, o Bom Pastor. A figura do pastor era muito conhecida na Palestina e uma figura comum na Sagrada Escritura. Na literatura Veterotestamentária, Deus é o Pastor de seu povo, que se distingue dos maus pastores, os quais são denunciados por suas negligências no cuidado com o povo, beneficiando-se a si mesmos, em detrimento da vida do rebanho (Jr 23; Ez 34). O Novo Testamento, por sua vez, apresenta Jesus como O Bom Pastor (Jo 10,10a.12-13), o qual “dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11). A preocupação de Jesus, O Bom Pastor, é com a qualidade de vida do povo para este mundo, em vista da vida plenitude.

Prezados irmãos e irmãs. O texto do Evangelho nos coloca na condição de rebanho e, ao mesmo tempo, na condição de pastores. Na condição de rebanho, somos convidados a exercitar algumas atitudes, a saber, primeiro: Ouvir a voz do pastor (Jo 10,3), pois Israel, desde sua origem, foi um povo chamado a “ouvir” a voz do Senhor, seu Pastor, conforme a fórmula da liturgia judaica “Ouve, ó Israel, Javé nosso Deus é o único Deus! ” (Dt 6,4). Os discípulos de Jesus também foram convidados a ouvi-Lo: “Este é o meu Filho, o Eleito, ouvi-o” (Lc 9,35). Portanto, quem ouve a Palavra do Senhor e a põe em prática tem a vida em seu nome, pois Jesus, O Bom Pastor, apresenta-se sempre com uma palavra de vida e esperança para seu rebanho.

Segunda atitude: Seguir os passos do pastor (Jo 10,3-4). O verdadeiro pastor caminha à frente das ovelhas (Jo 10,4), visto que sabe onde tem pastagem, para aonde deve conduzir o rebanho, e tem clareza do seu projeto e de seus objetivos, ou seja, a vida plena para seu rebanho (cf. Jo 10,10). A palavra do verdadeiro pastor é digna de crédito, de confiança, já que é palavra portadora de vida.

Terceira atitude: Discernir os verdadeiros, dos falsos pastores (Jo 10, 5.12-13). Não seguir a voz dos estranhos, antes fugir deles (Jo 10,5). Trata-se de um desafio muito grande no mundo de hoje. O objetivo dos falsos pastores é “roubar, matar e destruir” (Jo 10,10). E, ainda, “o mercenário, a quem não pertencem as ovelhas, vê o lobo aproximar-se, abandona as ovelhas e foge e o lobo as ataca e dispersa; ele não se importa com as ovelhas” (Jo 10,12-13). Para ajudar na distinção dos bons e maus pastores, precisamos de critérios: um deles é o testemunho de vida, pois, o mau pastor pensa somente em si e não pensa a Comunidade, arquitetando seus projetos para benefício próprio.

Quarta atitude: Entrar pela porta (Jo 10,9). O bom pastor se apresenta como a “porta das ovelhas” (Jo 10, 7.9). É essa porta que lhes dá segurança, garantia de vida digna. Os projetos dos falsos pastores (cf. Jr 23; Ez 34) são projetos de morte, não têm em vista a vida do rebanho. Entrar pela porta é abraçar a Proposta de Jesus, cuja intenção é conduzir pelo caminho que leva à vida e ao Pai: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6).

Quinta atitude: Viver a unidade. Viver em unidade é condição para se defender dos lobos que atacam o rebanho (cf. Jo 10,12-13). A intenção do verdadeiro e bom pastor é que o rebanho esteja sempre unido, pois a vida do mesmo depende de sua unidade. Enquanto membros do rebanho, devemos aprender a não gritar contra o outro, mas gritar juntos em vista do bem comum.

Caríssimos irmãos e irmãs. Em virtude da condição de pastores a parábola nos ensina, primeiro: Entrar pela porta (Jo 10,1-2). Ou seja, entrar pela via normal de uma casa, o que significa ser conhecido do rebanho, ter familiaridade com ele. Enquanto pastores, somos desafiados a cultivar atitudes de amabilidade, ternura e amor, que geram confiança no relacionamento com o rebanho.

Segundo: Conhecer e chamar as ovelhas pelo nome (Jo 10,3.14). A pessoa é um mistério, nunca podemos conhecê-la integralmente. Todavia, para que aja um bom relacionamento familiar, comunitário e pastoral, o conhecimento mútuo é de fundamental importância. O nome expressa a identidade da pessoa, por isso conhecer a pessoa e chamá-la pelo nome é o mínimo que podemos fazer, principalmente num mundo onde somos identificados mais por um número, e poucas vezes por sermos pessoa humana.

Terceiro: Dar a vida pelas ovelhas (Jo 10,15). Dar a vida significa doar-se plenamente. A opção de Jesus foi doar-se pela vida e dignidade do povo. Por isso disse: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Jesus doou-se completamente, entregando sua vida na Cruz para a nossa salvação. Por isso, Jesus é o Bom Pastor que nos convida a seguir seus passos, como ovelhas de seu rebanho.

Que Deus abençoe a todos e um bom domingo.

Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim