Novas diretrizes gerais propõem a ideia de comunidades eclesiais missionárias

A preocupação da Igreja, com as novas diretrizes, não é com a quantidade mas com a qualidade de cristãos que, tendo feito a experiência do encontro com cristo, sejam testemunhas da alegria no mundo carente de sentido. Esta afirmação é de dom Leomar Brustolin, bispo auxiliar de Porto Alegre (RS) e membro da Comissão de redação do tema central da 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil

O bispo fez esta afirmação na reta final da aprovação das novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o quadriênio 2019-2023, processo que deve se concluir na manhã do sábado, 4 de maio.

O eixo fundamental das novas diretrizes, segundo ele, é a recuperação do sentido da casa. “A imagem da casa tem um sentido pedagógico e é entendida como lar e espaço de vida”, disse. A casa, no texto das diretrizes, é entendida como comunidade eclesial missionária sustentada por quatro pilares:

A Palavra – que aprofunda a iniciação à vida cristão e a iniciação bíblica e a ideia de ter comunidades fundadas em torno da palavra;
O Pão – que aprofunda a liturgia e a busca por viver a espiritualidade rumo à santidade  tal como defende o papa Francisco em sua exortação Gaudete et Exsultate que personaliza a fé mas leva ao encontro do outro;
A Caridade – Baseado no que disse Paulo VI na ONU: “Que a Igreja é especialista em humanidade”, o texto das diretrizes aponta a necessidade das comunidades se preocuparem com os que mais sofrem e a defesa da vida em todos os sentidos.
A Missão – A exemplo do que pede o papa, o sentido da comunidade se realiza quando ela sai em missão e vai ao encontro das periferias existenciais.

O bispo falou da importância de pensar diretrizes para assegurar a comunhão e a colegialidade na Igreja  no Brasil.  “Como pensar a Igreja no Brasil, um país continental? Por isto é necessário ter um parâmetro”.

Dom Brustolin explicou todo o processo de produção dos textos da diretrizes. Segundo ele, o texto que os bispos estão aprimorando na 57ª Assembleia Geral já passou por duas rodadas de revisões e acréscimos por todos os bispos do Brasil antes do evento. Ele explicou que cada parágrafo está sendo votado e a previsão é que a votação das novas diretrizes termine na manhã do sábado.

A proposta das novas diretrizes tem um endereçamento que indica quais caminhos a Igreja no Brasil vai trilhar. O primeiro deles, é a questão urbana. “Onde chega a energia e a internet hoje chegam os valores do mundo urbano”, disse. Ele apontou que são fortes hoje os valores do individualismo e a solidão. O religioso falou que hoje o número de suicídios é um grande apelo à atuação da Igreja.

O central na avaliação do bispo é a proposta de uma experiência de Igreja que seja comunitária em oposição à uma fé que é vivida de forma “privatizada”. A ideia do humanismo integral e solidário, presente na Doutrina Social da Igreja, é expressa nas diretrizes nos desafios que falam de uma sociedade mais justa e fraterna.