O amor nos aproxima!

Estimados Diocesanos! Quando lemos as Sagradas Escrituras, podemos perceber, nos textos sagrados, uma história de amor entre o criador e suas criaturas, ou seja, entre Deus e o seu povo. É uma história onde estão presentes o divino e o humano, o amor, a ternura, a fragilidade, o perdão e a reconciliação.

Foi em meio aos passos, muitas vezes mal dados e marcados pela infidelidade do povo da aliança, que Deus revelou a grandeza da sua misericórdia de Pai, ao fazer-se próximo, ouvindo o clamor e os lamentos que dilaceravam a vida e a alma de um povo. Mesmo em meio às realidades, marcadas por sinais de morte, que traziam angústias e incertezas, no coração do povo a caminho, Deus não deixou de enviar profetas para falar de conversão, de vida nova ao coração do povo e conduzi-lo nos caminhos da vida. Caminhos estes, que muitas vezes foram percorridos com os pés feridos pelas pedras ou pela areia escaldante do deserto. Outras vezes, era percorrido com o coração ferido, desolado pela dor e a humilhação da escravidão, ou ainda, pela dor que dilacerava a alma, por ter esquecido os mandamentos do Senhor e não mais escutava a voz de Deus.

Este Deus, Pai misericordioso, mesmo na rebeldia e na indiferença dos filhos, jamais deixou de lhes falar ao coração. Falava de um amor que é capaz de superar as amarguras da infidelidade e da indiferença e fazer-se presente na vida de cada um de nós. Hoje, corremos o risco de vivermos atarefados pelos muitos compromissos, ou preocupados com o silêncio e a solidão na qual está mergulhada a nossa alma. Isto porque, desaprendemos o significado do amor, do amar ou deixar-se envolver por um amor maior, que nos aponta sempre para novos horizontes. Quando reaprendemos a amar, é possível contemplarmos a aurora de um novo dia, mesmo depois de passarmos a noite, envolvidos em densas trevas.

Quando abrimos as portas do coração à Palavra de Deus, a vida pode ganhar um novo sentido. Podemos contemplar o universo, a nossa realidade, e as pessoas que estão ao nosso redor com os olhos do coração. Eles são capazes de enxergar novas estrelas no céu, contemplar as paisagens no horizonte e perceber o amor de Deus, presente nas pessoas com quem partilhamos a vida ou encontramos no peregrinar para a casa do Pai.

+ Dom José Gislon, OFMCap.

Bispo Diocesano de Caxias do Sul