O centenário das aparições da Virgem Maria em Fátima
Dom Adelar Baruffi – Bispo diocesano de Cruz Alta
O dia 13 de maio de 2017 marca a comemoração do centenário das aparições da Virgem Maria, em Fátima, Portugal. É uma celebração com ressonâncias em todo o mundo católico. No Brasil, estamos celebrando o Ano Nacional Mariano, que recorda os trezentos anos da devoção a Nossa Senhora Aparecida. Em nossa Diocese, ao abrirmos o Ano Mariano, no dia 09 de outubro passado, elevamos o Monumento de Fátima, em Cruz Alta, que data do ano de 1952, para Santuário Diocesano Nossa Senhora de Fátima. Por isso, esta data tem especial significado para nosso povo católico da Diocese. Sem dúvidas, nosso povo tem uma estima especial pela Virgem do Rosário de Fátima, chamando-a carinhosamente de “Santinha”. Nosso Papa Francisco visitará, como peregrino, o Santuário da Virgem em Portugal. Será o quarto Pontífice a peregrinar a Fátima, depois de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.
Aos 13 de maio de 1917, Nossa Senhora apareceu a três crianças: Lúcia dos Santos, de 10 anos (que veio a falecer aos 13 de fevereiro de 2005, com 97 anos); Francisco Marto, de 9 anos e Jacinta Marto, de 7 anos. A última aparição foi aos 13 de outubro de 1917, com a presença de mais de setenta mil pessoas, visto que havia anunciado às três crianças que apareceria neste dia.
Hoje, após cem anos de sua aparição, sua mensagem ainda continua atual? O contexto social, político e eclesial mudou muito neste século. Naqueles anos, o mundo vivia a primeira grande guerra. Como é próprio de Maria, ela vem ao encontro dos seus filhos para consolá-los e recordar o que o Filho Jesus ensinou. Consola ao afirmar que a guerra acabaria e pede, basicamente, que seja rezado o terço para que haja paz no mundo e a conversão dos pecadores. Vale destacar que Maria se apresenta de maneira humilde, como “serva do Senhor” (Lc 1,38), a três humildes crianças e lhes pede coisas muito simples. É o jeito de ser de Maria, que no seu canto do Magnificat “sobressai entre os humildes e pobres do Senhor, que confiantemente esperam e recebem dele a salvação” (LG 55).
Em todas as aparições destaca-se esta característica da Mãe que cuida dos seus filhos, como missão que recebeu de Jesus na cruz: “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19,26). Em Fátima, o eixo central das aparições é o pedido de conversão, elemento intrínseco ao caminho do seguimento de Jesus Cristo. Ela pede vida nova (“não ofender mais a Deus”), oração (“rezar o Rosário”), solidariedade com os pecadores (“fazer sacrifícios de reparação”) e entrega a Deus pelas mãos da Virgem (“consagração ao Imaculado Coração de Maria”). Trata-se da renovação da vida cristã. Outro pedido muito atual é a oração pela paz, tão necessária no nosso tempo. Quanta violência, quanta guerra, mortes de inocentes, violência no trânsito, nas famílias, corrupção generalizada, agressão ao meio ambiente. A oração desarma, apazigua e ensina o caminho da não-violência.
É sempre bom recordar que os católicos não têm devoção a Maria por causa de suas aparições. A base de nossa devoção está na Sagrada Escritura, que apresenta a Virgem com um lugar único no plano da redenção da humanidade, como Mãe de Deus e Mãe da Igreja. Ela, toda voltada para seu Filho, continuamente aponta para seu Filho: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5 ). Enfim, embora os católicos não sejam obrigados a acolher e crer nas aparições da Virgem, ela é modelo de vida cristã e nos recorda os elementos centrais da nossa fé. Ela é sempre inspiradora para nosso agir cristão, como é o tema da 66º Romaria Diocesana ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no dia 08 de outubro deste ano: “Maria, modelo de vida cristã”.
Meu abraço carinhoso a todas as mães, no dia a elas dedicado. A proteção materna de Maria a todas acompanhe.