O crescimento da Igreja
Neste Tempo da Páscoa, temos a oportunidade de conhecer com maior profundidade a vida e a realidade da Igreja primitiva, que deve sempre nos servir de inspiração na busca de uma maior fidelidade a Cristo. O testemunho visível e a proximidade da Ressurreição de Nosso Senhor são fatores de privilégio para as Comunidades cristãs originais. É preciso olhá-las e aprender de suas experiências, na busca de uma maior autenticidade de nossa parte, nos dias de hoje.
Nas primeiras Comunidades cristãs sempre existiu uma tensão entre as realidades espirituais a serem guardadas com fidelidade e o anúncio missionário. Sempre houve a tentação das Comunidades de se sentirem somente guardiãs da Tradição recebida diretamente de Cristo e dos Apóstolos frente ao desenvolvimento missionário da Igreja, especialmente entre os pagãos, aqueles que não eram provenientes da tradição judaica. Levou tempo para a Igreja aprender a viver a unidade no pluralismo. Todo crescimento provoca tensões, desequilíbrios e inseguranças. Esta experiência serviu e serve até os dias de hoje para que aprendamos a viver entre nós, membros da Igreja de Cristo, as diferenças, com amor e compreensão mútuas.
A Igreja de hoje também tem riquezas imensas de diversidade. Basta pensar, por exemplo, na riqueza espiritual dos Movimentos de Apostolado Leigo, que se desenvolvem no seio da Igreja (Cursilho, CLJ, Emaús, Schoenstatt, Comunidade Serra, Apostolado da Oração, Renovação Carismática etc). Cada um com sua riqueza espiritual, suas marcas particulares, mas todos membros de uma única Igreja de Cristo.
A 1a Leitura nos mostra a dificuldade de São Paulo, após a sua conversão para o cristianismo, no sentido de ser aceito na Comunidade cristã. As perseguições a São Paulo também aconteciam por parte dos seus antigos irmãos na fé, os judeus, que obrigaram o apóstolo a deixar Jerusalém e dirigir-se para sua cidade natal, Tarso. Deus usa situações adversas, para tirar daí um bem. A partir deste momento, São Paulo transformou-se no Apóstolo das gentes, que espalhou por toda a parte o Evangelho de Cristo.
Na 2a Leitura (1 João 3,18-24) o Apóstolo São João nos indica o critério para saber se o amor de Deus está ou não conosco: se, assim como Jesus, somos capazes de dar a vida pelo bem de nossos irmãos, então o nosso amor a Deus é verdadeiro. Observando também neste aspecto os mandamentos de Deus, podemos aí dizer que de verdade o amamos.
No Evangelho (João 15,1-8), Nosso Senhor apresenta-se como videira, a quem devemos estar unidos para poder dar frutos de verdadeira santidade. Quem se separa de Cristo, de Sua Graça, morre, não pode dar frutos. O pecado é o grande mal do qual fugir, pois nos separa de Deus. A comunhão eucarística que recebemos em cada Missa nos une fortemente a Jesus, fazendo-nos receber da seiva da vida eterna.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen