O Dia do Senhor
A Liturgia da Palavra deste Domingo fala sobre o chamado Dia do Senhor, que acontecerá quando o encontrarmos no fim dos tempos, para o julgamento final e universal. Naquele último dia, todas as aparências desaparecerão. Vamos apresentar-nos diante de Deus e dos homens com nossa realidade humana. Em uma peça teatral, ao final da apresentação, todos os atores tiram o que estavam vestindo no palco e vestem suas roupas do dia a dia, voltando para a realidade de suas vidas. Esta vida é um pouco semelhante a uma representação dessas. No dia final, as diferentes categorias de pessoas desaparecerão e apareceremos como filhos do mesmo Pai celestial.
Na 1a Leitura (Malaquias 3,19-20) escutamos um trecho do profeta Malaquias, que viveu após o exílio babilônico. Em sua época, o templo foi reconstruído e o culto já está funcionando, embora precariamente. No entanto, o zelo pela reconstrução do povo de Deus, esmoreceu; o povo está desanimado porque parece que as antigas promessas de Deus não foram cumpridas, e as pessoas caíram em uma apatia religiosa e uma absoluta falta de confiança em Deus. O Profeta Malaquias disse: “O dia do Senhor está chegando, queimando como uma fornalha.”
O Senhor vem a nosso encontro muitas vezes ao dia, para nos ajudar. Quando fazemos algo que o desagrada, sentimos remorso por fazer o mal e nos falta paz de espírito; e quando fazemos o bem, temos conforto e paz em nosso coração. Nosso Deus, nosso Pai Celestial, tem sempre muito para nos oferecer e sempre espera a nossa conversão.
Como podemos responder a este convite cheio de amor que o Senhor nos faz? Com a nossa fidelidade, buscando corresponder às graças que Ele nos oferece. Se pecarmos e nos afastarmos dele, respondemos com a penitência, pedindo perdão, especialmente através do Sacramento da Confissão. Se correspondemos a seu amor ou recebemos coisas boas, devemos agradecê-lo por nos proporcionar isto, por cuidar de nós, para não sermos tentados pela vaidade a pensar ser simplesmente nossa força que consegue os bens para nós.
A certeza de que o Senhor virá quando menos esperarmos – como um ladrão arrombando uma casa – nos faz viver sempre felizes em sua presença, buscando sermos fiéis, procurando fazer o que Ele nos pede e somente o que lhe agrada.
Nosso Senhor nos ensina esta lição, no Evangelho de hoje (Lucas 21, 5-19): tudo o que não for feito por amor a Deus, desaparecerá e será reduzido a cinzas. “Alguém comentou na época que o templo estava decorado com belas pedras e ofertas devotas. Jesus lhes disse: Dias virão em que, pelo que vocês viram, uma pedra não ficará sobre a outra: tudo será destruído”.
Na 2a Leitura (2 Tessalonicenses 3, 7-12), o apóstolo São Paulo fala sobre a importância do trabalho, da dedicação na construção de novas realidades que agradam a Deus. Não nos esqueçamos de que o trabalho humano deve nos santificar, nos tornar melhores filhos de Deus, e também a ajudar a Deus a santificar e transformar o mundo. Nas celebrações eucarísticas realizadas todos os domingos, somos iluminados pela Palavra de Deus e alimentados com a Eucaristia para podermos compreender e escolher os verdadeiros valores em nossa vida, imitando sempre Nossa Senhora. Ela nos ensina como amar verdadeiramente a Jesus.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen