O Espírito consolador e mestre interior
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Cinquenta dias depois da Páscoa, a promessa de Jesus é cumprida. O Espírito Santo, consolador e mestre interior, ilumina com sua força divina a Igreja nascente, para habilitá-la à missão e no testemunho das obras de Deus.
Quando falamos da Santíssima Trindade, o Espírito Santo parece ser o mais misterioso de Deus, mas ao mesmo tempo nos chama a atenção para o modo como este Espírito é revelado. É o próprio Senhor Jesus, quem sopra sobre seus discípulos, dizendo: “Recebei o Espírito Santo”, assim como o Pai tinha soprado a vida no primeiro homem. O dom do Espírito Santo, na verdade, é como uma segunda criação. Recebê-lo, significa acolher a paz de Jesus Cristo e estar pronto para ser um anunciador desta paz ao mundo.
Podemos também dizer que o Espírito Santo é esse laço de amor que nos une ao Pai e ao Filho, é o ponto onde se encontram o tempo e a eternidade. Porém, não devemos esquecer que o Espírito Santo é Espírito de unidade, porque cumpre no mundo o equivalente à sua função trinitária: reúne, congrega, ama os menos amados e santifica o pecador com a vida divina.
O Espírito Santo é “princípio de unidade da Igreja”, que realiza a comunhão entre todos os fiéis e os une a Cristo, porém, o modelo e o princípio supremo deste mistério é a unidade de pessoas na Trindade: um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Graças à força do Espírito Santo, a Igreja continua sua missão de anunciar o Reino de Deus no mundo, através da colaboração de homens e mulheres que colocam seus dons e carismas, recebidos do Espírito Santo, a serviço do Reino.
Como discípulos do Ressuscitado, iluminados e enriquecidos espiritualmente pelos dons do Espírito Santo, não devemos cair na tentação de desanimar pelas dificuldades que existem na família, na comunidade ou na sociedade em geral. Elas existem desde o início da criação, em maior ou menor grau. Mas não esqueçamos que o Senhor Jesus, nos pede para perseverarmos na oração, para mantermos viva a chama da fé, da caridade e da esperança, porque em um só Espírito fomos todos batizados.
A antiga lei é perfeitamente cumprida na nova lei do Espírito, os preceitos de proibição dão lugar àquilo que dita o Espírito. A oposição entre carne e Espírito não é aquela, que se entende, entre corpo a alma: obras da carne são aquelas que vêem do homem não redimido pela graça de Deus, que fala com orgulho do seu espírito, das discórdias, da inveja, da soberba. Em tudo isso devemos estar crucificados com Cristo Jesus, para deixarmos resplandecer em nós as obras do Espírito, que nos falam da vida, do amor, da alegria, da paz, que vão muito além da lei, porque obedecem às normas do amor, que vê o outro, como meu irmão e minha irmã. Ali devo ver a presença de Deus, do seu filho Jesus Cristo e do Espírito Santo.
+ Dom José Gislon, OFMCap. – Presidente do Regional Sul 3 da CNBB