O Pão da Vida é Jesus
A partir deste domingo, por 5 domingos subsequentes, escutaremos, na Sagrada Liturgia, textos do Evangelho de São João. São João nos apresenta os sinais milagrosos realizados por Jesus.
Após a multiplicação dos pães e dos peixes, relatada no Evangelho deste domingo (João 6, 24–35), Jesus disse à multidão que o procurava: “Vós me procurais porque comestes dos pães e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que desaparece, mas pelo alimento que fica até à vida eterna e que o Filho do Homem vos dará”. Nesse diálogo, ao falar sobre o maná que Deus havia dado ao povo de Israel no deserto, Jesus afirmou: “Meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão que vem do Céu. O pão de Deus é o que desce do céu para dar a vida ao mundo”. Ele se identifica como esse pão, dizendo: “O pão que eu hei de dar é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo”. Assim, Jesus se revela como o Pão da vida que o Pai eterno oferece aos homens.
O ensinamento de Jesus é claro: na Eucaristia, Ele nos comunica a vida divina, através da comunhão com o seu Corpo e com o seu Sangue.
Cristo é a salvação e a esperança para cada pessoa. Somos chamados a anunciá-lo com nossa vida diária. Ele quer que sejamos “sal” e “luz” para os homens e mulheres de hoje, refletindo a luz de Cristo com nossa vida exemplar e sendo “fermento” de esperança para a humanidade. Esta é nossa grande missão no mundo: alimentados e fortalecidos pelo Pão da vida eterna, ser luz e conforto para cada pessoa que encontramos no nosso caminho.
Jesus se designou como “luz do mundo” (João 8, 12), e essa característica se manifesta claramente em momentos específicos de sua vida, como a Transfiguração e a Ressurreição, onde sua glória divina brilha intensamente. Na Eucaristia, no entanto, a glória de Cristo está velada, escondida. O Sacramento eucarístico é o “mistério da fé” por excelência. Ainda assim, através deste grande Sacramento, Cristo se torna um mistério de luz, introduzindo o fiel nas profundezas da vida divina e nos fazendo luz para os irmãos.
A Eucaristia é luz, especialmente porque, em cada Missa, a Liturgia da Palavra de Deus precede a Liturgia Eucarística. Assim como aconteceu com os discípulos de Emaús na tarde da Ressurreição, essa Palavra faz arder os corações dos fiéis, afastando-nos da tristeza e do desânimo, e suscitando em nós o desejo de permanecer com Ele. Após cada Santa Missa que participamos, dizemos: “Fica conosco, Senhor” (Lucas 24, 29).
Em cada Santa Missa realiza-se a promessa de Deus preanunciada na 1ª Leitura (2 Reis 4,42-44): “Dá ao povo para que coma; pois assim diz o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará’.”
Ao escutar a Palavra e receber os Sacramentos com fé, especialmente a Sagrada Eucaristia, o cristão é transformado à imagem de Cristo; ele irradia e reflete Cristo, assim como Cristo é a imagem perfeita do Pai e o manifesta ao mundo (2 Coríntios 3, 18; 4, 4).
Reunidos como Igreja, como nos ensina o Apóstolo São paulo, na 2ª Leitura (Efésios 4,1-6), como “um só corpo, um só Senhor, uma só fé, um só batismo” somos chamados a viver dignamente nossa vocação de cristãos, na unidade da fé e dos sacramentos. Este é o nosso testemunho no meio das realidades do mundo.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen