O Pão da Vida, para a Vida do mundo!

Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Quero trazer na mensagem deste final de semana, uma síntese da reflexão sobre a Solenidade litúrgica de Corpus Christi, celebrada nesta última quinta-feira. “A Eucaristia faz a Igreja e a Igreja vive da Eucaristia, pois a Eucaristia é fonte e ápice de toda a ação da Igreja”, conforme afirmação do Concílio Vaticano II, na Constituição sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum Concilium, em seu número 10.

Na Eucaristia recordamos a centralidade da vida da Comunidade Eclesial, na qual fazemos parte como também de nossa fé cristã, ao longo da história. A Eucaristia nos une em torno da mesma mesa, do mesmo pão e da mesma presença real de Jesus, O qual nos alimenta com Seu próprio Corpo e Sangue, sustentando-nos em nossa missão evangelizadora.

A Solenidade de Corpus Christi é uma das mais antigas da Igreja, que fora instituída pelo Papa Urbano IV, em 1264, para ser celebrada na quinta-feira, depois da Solenidade da Santíssima Trindade, recordando a instituição da Eucaristia, naquela noite da Quinta-Feira Santa, quando Jesus celebra a ùltima Ceia com os seus discípulos, reunidos no Cenáculo. E se a Trindade é uma Comunidade de amor, a Eucaristia nos reúne em torno do grande gesto de amor de Cristo que se doa, inteiramente, para a vida do mundo todo.

Caros irmãos e irmãs. Se percorrermos as páginas do Evangelho vamos ver que muitas vezes Cristo nos fala do Pão da Vida, especialmente no Capítulo Seis do Evangelho de São João, quando diz: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo” (Jo 6,51). Na última ceia, Jesus chega ao ponto alto de suas expressões quando, reunido com seus discípulos, institui a Eucaristia, com as seguintes palavras: “Tomai e comei, isto é o meu corpo”, “Tomai e bebei, isto é o meu sangue”. E conclui, dizendo: “Fazei isto em memória de Mim” (cf. ICor 11, 24-25. Jesus Cristo anuncia o que de fato realizaria no alto da cruz – sua entrega para a vida do mundo.

Já no final do I Século e início do II Século, Santo Ignácio de Antioquia, assim se referiu: “A Eucaristia é remédio de imortalidade e reúne todos ao redor do Senhor Jesus Cristo e ao mesmo tempo o pão consagrado, é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver em Jesus Cristo para sempre”. E prossegue: “A Eucaristia é o alimento para a vida eterna, que nos prepara para a unidade com o Senhor. Ela ajuda-nos a viver na caridade, no amor a Deus, ao próximo como a si mesmo”.

Assim sendo, Corpus Christi é a Solenidade da Liturgia da Igreja que nos convida a manifestar nossa fé na presença real de Cristo na Eucaristia, na qual as espécies do pão e do vinho são transsubstanciados no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, celebrar Corpus Christi é um convite a renovarmos publicamente nossa fé na presença real de Jesus na Eucaristia. Dessa forma, lembra-nos São João Paulo II: “A Eucaristia, presença salvífica de Jesus na comunidade dos fiéis é seu alimento espiritual, é o que de mais precioso pode ter a Igreja no seu caminho ao longo da história” (Ecclesia de Eucharistia, 9).

Prezados irmãos e irmãs. A Eucaristia gera comunhão, pois nela repartimos o pão da vida com os irmãos e irmãs. Assim, no contexto de nossa vida, ao nosso entorno, vemos se agravar as necessidades de muitos de nossos irmãos que precisam de alimento para uma vida digna. Muitas famílias estão passando por dificuldades. Desse modo, somos convidados a fazer a experiência da partilha do pão da solidariedade com os mais necessitados. Lembremos o lemas da Campanha da Fraternidade, deste ano: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14, 16). A partilha do pão material deve ser prolongamento da partilha eucarística, conforme lembrou-nos a Primeira Leitura, da Celebração de Corpus Christi, recordando a vida do povo de Israel: “Foi Deus que conduziu o povo de Israel pelo deserto e o alimentou com o Maná descido do céu” (Dt 8,14s). São Paulo, na Segunda Leitura, da mesma celebração, exortava a Comunidade de Corinto: “E o pão que partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? Porque há um só pão, nós todos somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão” (1Cor 10, 17).  A Eucaristia alimenta a nossa consciência cristã de que, por Cristo, com Cristo e em Cristo, somos todos irmãos.

Caríssimos. Assim como partilhamos o pão da Eucaristia, o pão espiritual, façamos a experiência da partilha generosa do pão material, com nossos irmãos e irmãs, em condição de vulnerabilidade. Que tal gesto de amor fraterno traduza nossa expressão de gratidão a Deus, que sempre nos alimenta com infinita gratuidade.

Um bom domingo a todos e que Deus os abençoe.

Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim