O primado da vida humana

Esta simples e breve reflexão quer ser uma espécie de síntese ou resumo de algumas reflexões lidas. Você é a favor ou contra o aborto? Tal pergunta é muito frequente. O problema é que a maioria simplesmente responde com um sim ou com um não, como se tratasse de algo tão simples que se pudesse resolver a partir de uma enquete. A questão é muito mais complexa e não se pode decidir num “sim ou não”. O que está em jogo é a vida humana. O aborto é crime porque fere a lei natural.

A biologia considera o ser humano como possuindo diferentes fases de desenvolvimento, incluindo nisso o embrionário. Em qualquer uma dessas fases, a partir do ovo, o ser humano já é um ser humano porque não é somente a forma humana que define o homem, visto que ele passa por diferentes fases de desenvolvimento e, em cada uma delas, apresenta-se com um aspecto, o aspecto peculiar de sua fase, e em todas elas, ele tem vida. Nenhuma coisa morta se multiplica e expressa processos vitais. Sob este aspecto, desde o momento de sua concepção, o ser humano já é um ser humano que vive. Desde o ovo, possui todos os potenciais genéticos e biológicos característicos de um ser humano, e, se o deixarem desenvolver, ele se tornará um bebê, que crescerá e prosseguirá pelas sucessivas fases de sua vida.

Por isso antes de responder sim ou não nós temos que no mínimo nos colocar no lugar daquela vida totalmente indefesa, frágil, o que caracteriza o aborto como a forma mais cruel e covarde de se matar. Ou também, que antes de responder sim ou não, nós tenhamos a coragem de nos perguntar sobre o sentido da vida para nós. Porque respondendo sim nós estamos banalizando a vida e afirmando que ela não tem valor para nós, isto é, se nossas mães tivessem nos abortado não teria nenhuma importância. Não esqueçamos que se nós estamos aqui é porque nossas mães disseram sim à vida.

Há um aumento muito grande da permissividade, corremos o risco de nos tornar uma sociedade permissiva. Uma sociedade assim contribui para uma tendência favorável ao aborto. No Brasil são muitas as vozes que se levantam pedindo uma legislação pró-aborto. Em seus princípios colocam o valor “vida” em segundo plano. O que é muito triste que estas vozes estão sendo ouvidas e formando opinião publica.

Jesus nos ensina que devemos ser prudentes como as serpentes e simples como as pombas (cf. Mt 10,16). Ou seja, sem perder a ternura e a compaixão devemos gritar contra tudo aquilo que ameaça a vida. Numa saudável e necessária oposição aos que levantam a bandeira “sim ao aborto”, nós cristãos e pessoas de boa vontade levantamos a bandeira do “sim à vida”. Um cristão convicto, uma pessoa de boa vontade, mesmo não sendo religiosa, mas tendo convicções humanistas, sempre defenderá a vida do nascituro, sendo automaticamente contrário ao aborto.

Santa Tereza de Calcutá, uma das mais importantes defensoras da vida em todos os sentidos, nos motiva na defesa da vida: “É hipocrisia gritar contra a violência que se alastra na sociedade quando ela é cometida e incentivada contra bebês indefesos. Ninguém tem o direito de matar um ser humano que vai nascer: nem o pai, nem a mãe, nem o estado, nem o médico. Se o dinheiro que se gasta para matar fosse empregado em fazer com que as pessoas vivessem, todos os seres humanos atuais, e os que ainda virão ao mundo, viveriam bem e muito felizes”.

Pe. Jair da Silva – Diocese de Bagé