O QUE SIGNIFICA A MORTE DE MAIS UM POLICIAL MILITAR
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre.
Entre as forças de segurança e a população que se empenha por ganhar o pão de cada dia de forma honesta e justa existem laços de solidariedade e confiança. Onde há postos policiais eles são, usualmente, pontos de referência para a coletividade. Tal presença favorece a inserção das forças de segurança na vida das comunidades.
O domínio de bairros, vilas e condomínios por parte de grupos ligados, sobretudo, ao tráfico de drogas, monitorando a vida cotidiana dos habitantes, impondo toque de recolher e um regime de terror é algo inadmissível.
À causa dessa situação, mortes se sucedem, especialmente entre jovens. Mais um PM, no exercício de seu dever, foi assassinado; homem jovem, inaugurando uma vida familiar, certamente com um projeto de vida e que acreditava no direito e na justiça. Mais uma vez uma família ferida, um sonho abortado, amigos abalados. Também mais um motorista de aplicativo assassinado. Trata-se de delitos inadmissíveis e que devem ser condenados com vigor.
As situações de violência que se multiplicam no cotidiano não mais causam indignação. Surgem manifestações de condenação, compromissos de justiça, mas após o acontecido tudo parece retomar o ritmo de antes. Vale sempre recordar a necessidade urgente que crianças, adolescentes e jovens têm de afeto, de família; urge promover, entre eles, valores que dignifiquem a vida e o respeito pelos demais, além de acesso à educação com qualidade e trabalho digno.
No processo de construção de uma sociedade marcada pela paz e pela justiça, as instituições família e escola têm uma tarefa característica. Não se pode banalizar o direito de cada criança, adolescente ou jovem de poder contar com uma família, constituída de pai e mãe, e nem vulgarizar ou desmerecer a nobre missão de professores e mestres.
“A verdade, será fundamento da paz, se cada indivíduo honestamente tomar consciência não só dos próprios direitos, mas também dos seus deveres para com os outros” (São João Paulo II).