O Senhor ressuscitou verdadeiramente. Aleluia!
Na passagem da 1ª Leitura (Atos 10,34.37-43) e no Evangelho (João 20,1-9) de hoje, somos tocados pela alegria das palavras de São Pedro sobre Jesus e também pelos seus gestos como homem de fé, testemunha viva da ressurreição do Senhor.
Pedro apresenta uma palavra eloquente sobre a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. É amplamente conhecido o caminho de amor percorrido por Cristo, expressando esse amor através de uma entrega total de sua vida. Ele deu a vida porque revelou Deus como um Pai cheio de ternura e misericórdia, que busca a todos, especialmente os que sabem se tornar pequeninos, pobres. Ele deu sua vida por todos nós, pecadores. Ele deu a vida porque proclamou um reino de verdadeira dignidade, de justiça, de verdade, de paz e de amor, fundamentado na igualdade de todos como filhos de Deus e na possibilidade de estabelecer comunhão com Deus, seu Pai. Ele deu a vida como consequência de sua Missão de salvar a humanidade, uma missão que não se constrói pela força, poder e arrogância, mas sim pelo amor mais puro e belo de todos: o amorde gratuidade, que não pede nada em troca. Amou-nos por amar.
E o Apóstolo São Pedro carrega consigo fortemente esta experiência única de amor. Ele jamais poderá silenciar sobre Cristo ressuscitado. Isto porque Pedro foi testemunha direta do encontro com o Senhor ressuscitado. Pedro ouviu o que lhe foi contado sobre a ressurreição e partiu correndo, mesmo sendo o último a chegar, pois suas forças físicas não o permitiram ir mais rápido.
Irmãos, que bela é a Igreja na qual, mesmo correndo mais devagar, chega-se à certeza da ressurreição do Senhor.
Que alegria saber que Cristo vive, que Ele é o Emanuel, Deus conosco. Ele se manifesta na paz, na misericórdia, na Eucaristia, na Palavra, nos sacramentos, especialmente na Eucaristia, em sua Igreja e em cada irmão e irmã. A celebração da Páscoa nos desafia a encontrar Jesus Ressuscitado em nossa própria vida, a nos relacionarmos com Ele, a confiar nele e a nos comprometermos com Ele.
Ele caminha conosco, às vezes como um desconhecido, como aconteceu com os discípulos de Emaús, um desconhecido que se aproxima e nos questiona sobre nossas fugas, medos, tristezas e pensamentos pessimistas, desprovidos de esperança.
Ele caminha e dialoga, assim como fez no princípio, buscando a cada um de nós que tantas vezes fugimos dele, da cruz, dialogando com palavras de vida e misericórdia. Ele deseja dialogar conosco para iluminar o sentido mais belo e profundo de nossa vida, para acender o amor em nossos corações. Ele deseja sentar-se conosco e entregar-se por completo. Ele quer nos conduzir à alegria da vida e ao anúncio de sua ressurreição.
Somos desafiados pela celebração da Páscoa. O ressuscitado se entrega a nós da mesma forma como se entregou aos nossos primeiros irmãos na fé. Sigamos o testemunho de Maria Madalena, que, cheia de fogo de amor, vai ao sepulcro, mesmo na escuridão, sem medo e com audácia. Ela pressente os novos sinais de vida. Com o mesmo amor que sempre teve por Jesus, ela corre. São Boaventura dizia que o amor enxerga além. Ela, sabendo que o Senhor ressuscitou, corre e bate na porta certa, busca as pessoas certas: primeiro Pedro e depois o discípulo predileto. E quem é esse discípulo predileto ou discípulo amado? É João Evangelista. Aquele a quem Nossa Senhora foi entregue por Jesus, quando estava na cruz. É o discípulo que representa toda a humanidade. João, que corre ao sepulcro é a imagem de cada um de nós, cristãos. É a representação de todo aquele que ama a Jesus e que se esforça por fazer a vontade do Pai!
O amor é contagiante. E então é uma correria de amor, anunciando e proclamando o acontecimento fundamental de nossa fé: Cristo ressuscitou. Ele está vivo. É este Cristo que testemunhamos e anunciamos. E podemos contemplar a beleza da presença de Cristo nestes vinte e um séculos de existência de sua Igreja.
Hoje, queridos irmãos, estamos aqui. Nós corremos, talvez não com o corpo, mas com nossa alma, para estarmos presentes e participarmos do Mistério da Páscoa da Ressurreição do Senhor.
Recebamos com alegria esta mensagem: o Senhor está vivo! Ele ressuscitou! Não busquemos entre os mortos aquele que vive, como disse o anjo.
Vivamos com imensa alegria e gratidão esta celebração da Eucaristia. Nela encontramos o Senhor vivo e ressuscitado: Ele nos fala, Ele nos alimenta com a Eucaristia, Ele está “no meio de nós”, como proclamamos diversas vezes durante a Missa.
E depois, ao deixarmos o recinto da Igreja, sejamos anunciadores da Ressurreição: com nossas palavras, com nosso testemunho de alegria, com nosso amor comprometido nas tarefas diárias, somos portadores de Cristo Ressuscitado ao mundo.
Feliz Páscoa a todos!
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen