Olhar para o céu, como peregrinos na terra

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! A Igreja, povo de Deus a caminho da casa do Pai, nos convida a celebrar, na nossa caminhada de fé, a Ascensão do Senhor. É uma festa que recorda o retorno de Jesus ao céu, isto é, a sua volta para junto do Pai, que o havia enviado à terra, com a missão de anunciar o Reino de Deus e a sua justiça, para redimir a humanidade ferida pela dor do pecado e da morte.

Depois de cumprir a difícil missão de amor, que o Pai lhe havia confiado, o Senhor ressuscitado conduz seus discípulos em direção à cidade de Betânia, e, elevando as mãos, os abençoa. Enquanto os abençoava, foi levado ao céu (Lc 24,50-51). É este acontecimento que recordamos e celebramos na festa da Ascensão de Jesus, mas nós não conseguiremos entender a ascensão se a transformarmos em um evento espacial, porque enquanto os discípulos fixavam o céu, tentando ver Jesus que ia ao encontro do Pai, “dois homens em vestes brancas se apresentaram e lhe disseram: ‘Homens da Galiléia, porque estais olhando para o céu?’” (At 1,11).

O mistério da Páscoa envolve a saída do túmulo, “Ressurreição”; a entrada definitiva no mundo de Deus, “Ascensão”; e o envio do Espírito Santo, “Pentecostes”. A ascensão do Senhor ao céu é comemorada quarenta dias após a Páscoa; é um momento de separação, em que o Ressuscitado pede aos discípulos para se tornarem suas testemunhas, até os confins da terra. Não é uma missão fácil aquela que o Senhor confiou aos seus discípulos, por isso ficam olhando para o alto, paralisados, porque não querem ficar sozinhos, sem Jesus. A ascensão de Jesus ao céu é precedida de uma descida, aquela em que o Verbo Eterno de Deus se fazer carne para a nossa salvação. No projeto de Deus contemplamos, portanto, o movimento do amor, que reúne o abaixar-se e o elevar-se. Quem ama de verdade sabe abaixar-se em direção ao outro, para acolhê-lo na sua condição humana, mas vive e o ajuda a viver uma experiência que eleva e o leva para o alto.

Antes de partir para junto do Pai, Jesus envia os seus discípulos em missão. Os envia para proclamar a boa notícia do Evangelho, não somente com as palavras, mas com gestos de proximidade, de caridade e compaixão por aqueles que sofrem e precisam ser curados, em suas enfermidades no corpo e na alma. Ele é elevado ao céu, o mundo de Deus, e o seu subir, alarga ao mundo inteiro o raio de ação dos discípulos. Não os abandona, os acompanha e age no mundo junto com eles. Está à direita do Pai, mas está também conosco, nos passos da vida e no nosso coração, se com humildade o acolhermos na fé, como o Filho amado do Pai.

+ Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul