Padre Domingos: “Não somos melhores por sermos enviados para missão ad gentes, somos apenas ‘simples servos na vinha do Senhor’”, afirmou
Padre Domingos Manoel Rodrigues Lopes, natural de Lavras do Sul (RS), pertence ao clero da Diocese de Bagé, e há mais de um ano e meio é missionário em Moçambique. Em entrevista ele conta como surgiu o desejo missionário e as primeiras impressões do povo da missão. Expressa sua alegria de fazer parte da equipe de colaboradores do projeto Igreja Solidária, mantido pelo Regional Sul 3 (Igreja do Rio Grande do Sul) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Conta como foi sua decisão de partir em missão?
Primeiro nasceu a curiosidade despertando o interesse e, por fim, a decisão. Essa curiosidade se manifestou a partir de alguns testemunhos: Dom Roque Paloschi (hoje arcebispo de Porto Velho) que foi presbítero do nosso clero de Bagé e fez essa experiência da missão ad gentes em Moçambique. Também o Padre Sergio Lima Pereira, da Arquidiocese de Pelotas, que trabalhou alguns anos em Roraima, e o convívio com os padres da Diocese de Bengela da Angola, que atuaram em Pelotas em nosso tempo de formação. O aprendizado que relatavam chamou minha atenção. Num segundo momento, após alguns anos de ministério, despertou-me o interesse em saber atualmente como estava a missão ad gentes e a possibilidade de ‘entrar na fila’ para futuramente fazer a experiência de missão. Por fim, a decisão veio depois de um breve processo de conversas com Padre Rodrigo, a Daniela Gamarra e com Dom Jaime. Não faltou o apoio do clero na diocese de Bagé e do nosso Bispo. Eu pensava que o fato de estar ‘iniciando’ o ministério (3 anos de padre) não seria um empecilho e sim a continuidade de uma caminhada permanente de formação, até mesmo para um amadurecimento na missão diocesana ao retornar.
Qual sua primeira impressão ao chegar a Moçambique?
Desmitifiquei a imagem de um povo triste ou sem esperança, uma imagem negativa que se forma pela falta de informação e até tendenciosa que são incrustados na sociedade geral. Mesmo sendo recente o fim de alguns conflitos armados, as consequências das guerras, encontrei lá cristãos e muçulmanos maduros e perseverantes em suas experiências de fé. Cristãos com grande proximidade com Palavra de Deus, protagonistas de uma Igreja que valoriza e promove a ação dos leigos, e fortes colaboradores das Equipes Missionárias na acolhida e nos ensinamentos.
Como se sente colaborando com o projeto Igreja Solidária do Regional Sul 3 da CNBB?
Sinto grande alegria em fazer parte desta continuidade, desta caminhada iniciada há mais de 20 anos pelo Regional e congregações religiosas, e assim ser presença da Igreja com minha maneira de ser e agir, crescendo no aprendizado com os costumes culturais e religiosos do povo Macua. Enfim, não somos melhores por sermos enviados para missão ad gentes, somos apenas ‘simples servos na vinha do Senhor’.
O que mais gostaria de dizer?
Acredito que estamos no momento de retomar, nas Dioceses e Arquidioceses, esta responsabilidade de cooperação que é tão importante para as nossas igrejas locais quanto para a Arquidiocese de Nampula. Precisamos nos apropriar desta proposta novamente como um fortalecimento na formação e atualização do nosso clero gaúcho, penso que das “nossas façanhas” (como cantamos no Hino Rio-grandense) a primeira deve ser a coragem de sair de nossa zona de conforto, concretizando a “igreja em saída” que o Papa Francisco pede, desafiando-se em terras estrangeiras.
Entrevista concedida ao jornalista Judinei Vanzeto,
Assessoria de imprensa
Regional Sul 3 da CNBB