Paixão de Ensinar

No dia 15 de outubro comemora-se, no Brasil, o Dia do Professor. Desde 2020, sabemos o quanto esses valorosos profissionais precisam vencer o cansaço e o peso do cotidiano, para encontrar alternativas de educar em tempos de pandemia. Quanta dedicação e espírito colaborativo para cumprir essa nobre missão!

Quero dedicar-me, nesta breve reflexão, a reconhecer o valor e o sentido da educação em um tempo complexo como o nosso. A educação emerge diante do reconhecimento do ser humano que não sabe tudo, não vive tudo, não experimenta tudo. O ser humano precisa escutar, sentir, partilhar, conviver e aprender. Só assim, seu ser se abre, cresce e se sustenta. A incompletude faz do ser humano alguém sociável e educável.

Assim, é urgente oferecer aos educandos um percurso de formação que não se limite uma oportunidade individualista e instrumental de um serviço apenas em vista de um título a ser obtido. Além da aprendizagem dos conhecimentos  é necessário que os estudantes façam uma experiência de partilha e sabedoria com os educadores.

Precisamos formar sujeitos capazes de respeitar a identidade, a cultura, a história, a religião e, sobretudo, os sofrimentos e as necessidades dos outros, na consciência de que todos somos verdadeiramente responsáveis por todos, inclusive pela criação, nossa Casa Comum. Isso implica educar para valores e não apenas para saberes.

Na educação integral os valores não são somente afirmados, mas também vividos, pela qualidade dos relacionamentos interpessoais, que ligam professores e educandos e estudantes entre eles. Pelo cuidado, também, que os professores têm diante das necessidades dos educandos e das exigências da comunidade local, pelo claro testemunho de vida oferecido pelos gestores, professores e por todos os funcionários das instituições educativas.

Mas a educação não pode se restringir ao ambiente escolar e formal. Como sustenta um provérbio africano: “para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira.” Por isso, há um lugar indispensável da família, no processo educativo de alguém. Essa missão não pode ser delegada apenas à escola e ao professor. Também a comunidade e a sociedade precisam se envolver no processo de promover uma formação integral, humanista e solidária. Sem essa interatividade e participação, o educando dificilmente desenvolverá todas as suas potencialidades. Professores sabem o quanto as famílias precisam assumir, cada vez mais e melhor, essa missão de educar.

Enfim, com muita gratidão à toda comunidade educativa, quero recordar, especialmente aos professores, em forma de homenagem, o que disse o Papa Francisco dirigindo-se a educadores: “Encorajo-vos a renovar vossa paixão pelo ser humano, não se pode ensinar sem paixão! – no seu processo de formação, e a ser testemunhas de vida e de esperança. Nunca, nunca fecheis as portas; ao contrário, escancarai-as todas,a fim de que os estudantes tenham esperança!”.

Dom Leomar Antônio Brustolin – Arcebispo de Santa Maria