Palavra de ânimo para catequistas

Queridas e caros catequistas. No final do mês vocacional costumamos lembrar vosso dia e sempre que surge oportunidade para dirigir uma palavra a vocês aflora no coração um sentimento de especial estima e profunda gratidão. Vocês catequistas são os discípulos missionários de nossas comunidades que têm uma nobre missão, definida assim pelo nosso querido Papa Francisco: “Ser catequista é uma vocação de serviço na Igreja; que se recebeu como um dom do Senhor que, por sua vez, será transmitido aos demais” (Simpósio Internacional sobre Catequese – 2017). Trata-se, portanto, da graça de acompanhar crianças, jovens ou adultos para que se encontrem com Deus ou se aproximem mais da presença divina, em suas vidas. Sim, caros e queridas catequistas, vossa missão é de nobreza ímpar e das mais belas na vida da Igreja. A que valor comparar o dom de ajudar alguém no caminho que conduz ao encontro de Deus, fonte, sentido e destino de nossa vida? Contudo, vosso serviço de anúncio insistente do querigma (primeiro e principal anúncio) e de seuconstanteamadurecimento na vida cristãpela mistagogia (conduzir sempre mais para dentro do mistério) não se esgota no acompanhamento para o encontro com o divino, pois este nos conduz necessariamente ao encontro deoutras pessoas, nossos irmãos e irmãs da comunidade eclesial, os quais encontraram o mesmo Senhor. Afirma o Documento de Aparecida que “não pode existir vida cristã fora da comunidade… O discípulo participa na vida da Igreja e no encontro com os irmãos, vivendo o amor de Cristo na vida fraterna solidária” (DAp 278d).

Portanto, longe de levar a intimismos religiosos ou a grupos isolados, a catequese conduz ao encontro do Senhor e dos irmãos e irmãs, dentro da comunidade cristã. E mais, junto com esse processo de amadurecimento, brotará a responsabilidade missionária, pois “a missão é inseparável do discipulado” (DAp 278e). O fiel iniciado sente a necessidade de compartilhar com os outros a sua alegria: “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp 28). Nunca podemos esquecer o que o Papa São Paulo VI dizia, logo após o Concílio Vaticano II (1975): “A Igreja existe para evangelizar” (EN 14). O mesmo Concílio já havia declarado que, a partir do nosso batismo, todos adquirimos a mesma dignidade; todos somos chamados à santidade; todos estamos comprometidos a participar da realização do Reino de Deus (cf. LG 39).

Para exercer tão importante missão dentro da Igreja, o primeiro catequizando deve ser o próprio catequista. Também ele ou ela está em constante caminho de encontro com o Senhor. Também ele ou ela participa da comunidade e da realização do Reino de Deus. Ser catequista implica num esforço constante de viver o que se transmite aos demais. Diz o Papa Francisco: “Quanto mais Jesus ocupar o centro de nossas vidas, tanto mais nos faz sair de nós mesmos, nos descentraliza e nos torna mais próximos dos outros… para dar testemunho de Jesus, falar de Jesus, e pregar Jesus” (Idem – Simpósio Internacional).

Para ser catequista, portanto, não basta saber a doutrina e transmiti-la aos demais, mesmo que isto seja também importante, mas é antes de tudo uma questão de testemunho de vida. Para que isso aconteça, não pode faltar o alimento sagrado do Pão da Palavra de Deus e dos Sacramentos. Bebamos, pois, desta fonte que alimenta nosso coração de catequistas e assim possamos transmitir a Palavra que contém “espírito e vida” (cf. Jo 6,63) e ela se torne a “alma da missão evangelizadora da Igreja” (Doc 97 da CNBB, n. 32). O Senhor vos abençoe!

Dom Aloísio Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul