Páscoa da Ressurreição do Senhor

Na Igreja e em todo mundo, hoje, ressoa o anúncio pascal: Cristo ressuscitou de verdade. Ele vive para sempre. Ele venceu a morte. Ele é o Senhor dos vivos e dos mortos.

Na pessoa de Jesus Cristo, Nosso Senhor e Redentor realiza-se, como um dom de Deus, o maior sonho e desejo da humanidade: “um novo céu e uma nova terra”. Um mundo sem a marca da morte e do pecado. Surge, do túmulo do Senhor, não somente o Ressuscitado, mas um novo ser humano, uma nova criatura, à imagem e à semelhança de Cristo. Sua morte matou nossos pecados. Sua Ressurreição trouxe-nos nova vida. Este é o sentido profundo da Páscoa da Ressurreição que hoje celebramos.

Este mistério pascal já presente, ainda é um dom, em geral, escondido. São ainda visíveis e sensíveis os sinais da morte no mundo e na humanidade. Mas estas realidades já foram vencidas pelo Senhor. Elas acompanharão a existência humana e o mundo até o último dia. Aí se manifestará definitivamente o poder e a vitória do Senhor Ressuscitado.

Vencerão no dia final os desígnios de sabedoria e de amor. Até lá, somos convidados a viver com a certeza da vitória de Cristo, enfrentando corajosamente e destemidamente a morte e o pecado.

A 1a Leitura deste Domingo da Páscoa (Atos 10,34.37-43) nos apresenta o discurso de Pedro. É o modelo do anúncio pascal da Igreja primitiva, da Igreja daqueles que experimentaram de forma vivencial a Ressurreição do Senhor e Sua presença pascal. Não “ouviram falar” da Ressurreição do Senhor. Mas foram testemunhas diretas da Sua Ressurreição, fato que lhes transformou a vida. Pedro sabe de quem fala e sabe o que fala: anuncia a salvação que todos recebemos por meio de Jesus. Ele Jesus, nas palavras do Apóstolo “é o juiz dos vivos e dos mortos”. Ou seja, é o Senhor do mundo e da História. Quem nele crê, recebe a salvação e torna-se herdeiro da vida eterna que Ele conquistou para nós.

Na 2a Leitura (Colossenses 3,1-4), o Apóstolo Paulo nos apresenta a obra de salvação de Cristo. Insiste na exigência de se viver de acordo com a fé no Ressuscitado: é preciso viver na busca “das coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus”. Ou seja, não podemos mais viver rastejando nesta terra, escravos dos pecados e das paixões baixas. Pelo Batismo, tendo participado da Ressurreição do Senhor, somos chamados a viver uma nova vida, aguardando a volta do Senhor, para nos unirmos eternamente a Ele, no céu.

O Evangelho deste Domingo da Páscoa (João 20,1-9) mostra-nos como os Apóstolos João e Pedro chegaram à fé na Ressurreição do Senhor. É um testemunho direto dos dois Apóstolos, que mostra a dificuldade em crer na Ressurreição, como qualquer um de nós também teria.

Queridos irmãos, vivamos com alegria este dia da Páscoa do Senhor!

O homem novo, nascido da Ressurreição de Jesus não é um outro homem. Somos cada um de nós, que participamos da morte e da ressurreição do Senhor através do Batismo, que nos deu vida nova em Cristo.

A vida de batizados opõe-se à vida de morte, que é o domínio do pecado. A vida nova em Cristo é realização plena, segundo a vontade de Deus, que nos faz seus filhos.

Ter vida nova em Cristo, requer de nossa parte uma conformidade filial à vontade de Deus, uma dedicação generosa no cumprimento da vocação à santidade, à qual fomos chamados.

Fundamentados nesta busca cotidiana de conformidade com a vontade de Deus, seremos nós também testemunhas vivas da Ressurreição do Senhor.

Esta é a novidade que somos chamados a levar ao mundo.

Feliz e Santa Páscoa da Ressurreição do Senhor de 2021.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen