Ambulatório indígena homenageia Pe. Elli Benincá

Serviço é oferecido pelo HSVP em parceria com o curso de Medicina da UFFS

A região Norte, segundo dados do IBGE, concentra 54% da população indígena do Rio Grande do Sul, sendo 17.814 pessoas com predominância da etnia Kaingang. Pensando no cuidado deste público específico, o Hospital São Vicente de Paulo criou, em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul, o Ambulatório do Índio – Pe. Elli Benincá que fica localizado no campus Passo Fundo da UFFS.

O Superintendente Executivo do Hospital, Ilário De David, destaca que a equipe técnica do serviço é altamente preparada para levar a medicina de ponta até os povos indígenas. “Estamos quebrando barreiras e construindo pontes para nos tornarmos referência, também, neste campo de assistência à saúde. O Ambulatório do Índio, especializado no atendimento de média e alta complexidade, é uma conquista que simboliza a união de várias entidades”.

A denominação do Ambulatório do Índio – Pe. Elli Benincá é uma homenagem ao padre e professor universitário que, em vida, manteve engajamento constante na defesa e na promoção das comunidades indígenas e das suas manifestações culturais específicas. O indígena Pedro Salles, chefe do polo regional da SESAI, mencionou a satisfação dos povos indígenas com a criação do espaço. “É um momento de comemoração, afinal o acesso aos serviços de saúde é uma luta antiga. Agora, queremos avançar mais na busca de recursos para a implementação de outras políticas públicas que levem em conta as especificidades culturais das comunidades”.

De agosto de 2021 até o momento, já foram realizadas cerca de 200 consultas e agendamentos por meio do Sistema Nacional de Regulação (Sisreg). A Dra. Daniela Borges, médica do Ambulatório do Índio, disse que não há critério pré-estabelecido para os atendimentos, que vão desde as gestantes, bebês até os idosos. “Os indígenas são avaliados de modo integral em todos os ciclos da vida, incluindo os programas específicos de gênero e faixa etária. E, quando necessário, eles já saem com encaminhamentos para especialistas e exames. Por ora, os casos mais frequentes são de cirurgias de vesículas, investigações neurológicas, ortopedistas, ginecologistas e oftalmologista”.

Além do HSVP Passo Fundo e da UFFS, o Ambulatório conta com o incentivo do Ministério da Saúde (Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI) e do Governo do Estado (6ª Coordenadoria Regional da Saúde – CRS). Os municípios da região também exercem um papel importante neste processo, pois o encaminhamento e transporte dos pacientes é feito pelas Secretarias Municipais da Saúde. Geneci Amaral, 37 anos, veio da Aldeia Monte Caseros, Ibiraiaras, para um primeiro atendimento. Ela recebeu o diagnóstico de ‘pedras’ nos rins e vai passar por cirurgia. “Gostei muito, não esperei quase nada e fui bem acolhida por todos”.

Outro grande diferencial do ambulatório é o atendimento itinerante que tem o objetivo de promover ações de prevenção. O professor Leandro Tuzzin, coordenador Acadêmico da Universidade, explica que as equipes prestam apoio assistencial e realizam visitas periódicas nas aldeias, acampamentos e locais com grande concentração de indígenas, como nas proximidades do Aeroporto Lauro Kurtz, da Estação Rodoviária de Passo Fundo e municípios da região. “Este trabalho é uma experiência única. Para os acadêmicos do curso de Medicina permite integrar o ensino teórico às atividades práticas, nos diferentes cenários de aprendizagem, além de oferecer atendimento qualificado para a população indígena e garantir o cumprimento da missão Institucional do HSVP e da UFFS”.

A inclusão de indígenas no quadro de colaboradores do Ambulatório também é um benefício para o atendimento e, desta forma, o paciente se identifica com os profissionais bilíngues. A técnica em enfermagem Angele Amaro, se formou em 2018 e já atuava na área. “Eu trabalhava na parte ambulatorial do posto de saúde de Ibiraiaras quando surgiu essa grande oportunidade de crescimento. Fico feliz em poder ajudar o meu povo que, aqui, tem tido um ótimo suporte”.

Com informações da Arquidiocese de Passo Fundo